domingo, 29 de agosto de 2010

Oe Oe

Primeiro contato com quem lê o Luminatti. Será que digo algo do tipo "estou nervoso"? xD
Meu nome é Igor, prazer.
Mas então, deixando de lado as brincadeiras, o principal motivo de eu estar escrevendo isso é para justificar a uma semana de atraso do último cap. e uma possivel reincidência durante os proximos...
O terceiro ano tá complicando cada vez mais, vestibular tá cada vez mais perto, e eu com cada vez menos tempo pra escrever.
Farei o meu melhor, na medida do possivel, para não reduzir o ritmo nem atrasar nenhum capítulo.
Acho que é isso...
Obrigado a todos que leem...
Ahn... Até mais então xD

Capítulo 4 – Recordações 2: Noite Dos Lobos


- Gente... Preciso ir no banheiro...

- Tem de ser agora, Isabel?

-Sim, né! Se não, eu não falaria. Mas é rapidinho. Me esperem aqui embaixo do Monumento do Expedicionário. Já já eu volto. Vocês não vão nem sentir minha falta.

- Disso eu sei...

- Eu ouvi isso!!

Isabel ignorou a provocação e se apressou para ir ao banheiro. Só então ela percebeu... onde ela encontraria um banheiro? A única opção que ela tinha àquela hora seria o banheiro público do parque, e isso realmente não a agradava. Ela foi andando na direção da pequena construção, olhando nervosamente para os lados em busca de algum assaltante, ou então algum tarado. Felizmente ela chegou ao banheiro ilesa, e, para sua sorte, o homem que cuidava do banheiro ainda estava lá, prestes a fechar o lugar.

- Calma, calma. Eu realmente preciso usar... Pode esperar mais 3 minutos?

O homem fez uma cara meio do contra, mas acabou concordando com a cabeça.

- Pode ir.

Aquilo foi tudo que ele disse, e Isabel não precisava de mais nenhuma palavra. Ela entrou no banheiro e, logo no primeiro instante, começou a sentir uma repulsa imensa pelo lugar. Todo o ambiente estava tomado por um forte odor acre de podridão. Ela precisava sair logo dali, não só pela óbvia falta de higiene, mas também por seus amigos que a estavam esperando. Ela procurou uma latrina que estivesse em condições humanas de uso. Após finamente encontrar uma que a última pessoa a utilizá-la lembrara de puxar a descarga, pensou duas vezes com relação a sentar ali. O que lhe garantia que não pegaria uma doença de pele ou algo pior?

Perdeu alguns segundos forrando o máximo possível o assento com papel higiênico para evitar qualquer contato direto com aquela imundice. Aquela cena devia ser muito ridícula para quem visse, pensou Isabel. Ignorando esse pensamento, ela se sentou e fez o que viera fazer. A sensação de alívio foi, como sempre, indescritível.

Terminado tudo, ela foi lavar as mãos apenas com água, já que obviamente não tinha nada semelhante a sabão naquele lugar, e saiu antes que viesse a vomitar.

Agredeceu ao guarda por esperá-la, e este respondeu apenas com um aceno de cabeça. Seguiu pelas árvores na direção de seus amigos, novamente cuidando ao seu redor, porém dessa vez com uma estranha sensação de que não devia estar ali naquele momento.

Foi então que ela ouviu um enorme rugido à sua esquerda. Mas, antes que ela pudesse se virar para procurar a fonte do barulho, uma enorme criatura de pêlos negros caiu sobre ela, jogando-a no chão e cravando suas enormes presas em seu ombro. A dor foi extrema, ela nunca sentira absolutamente nada que se comparasse àquilo. A maior dor que ela já sentira fora na vez que ela caíra de uma árvore e quebrara o braço, mas aquilo não chegava nem mesmo próximo do que ela sentia naquele momento. Ela podia sentir o sangue quente escorrendo do ferimento.

Nesse instante, ela ouviu um grito, tão alto quanto o rugido da fera.

- Miguel!! Não!! Ela não é quem nós estamos procurando! Solte nesse exato momento, irmão!

A criatura soltou o ombro de Isabel, o que lhe arrancou outro enorme grito de dor. Só então ela viu a forma de seu atacante. Ele tinha em torno de dois metros e meio de altura, ombros largos como ela nunca vira antes e um corpo extremamente musculoso. Tinha uma forma lupina, mas ainda assim andava em duas patas. Ela só podia estar sonhando...aquilo era um lobisomem?!

Então o homem que gritara se aproximou dela. Ele tinha um cabelo na altura dos ombros e um leve cavanhaque ao redor da boca. Se ela não estivesse com uma ferida imensa no ombro quase lhe roubando a consciência, teria achado aquele homem muito atraente.

- Pobre garota. Às vezes, essa sua maldição é muito inconveniente, sabia, Miguel?

A fera apenas caiu em quatro patas, abaixando a cabeça. Ela parecia... arrependida?

- Talvez você não vá gostar muito da idéia, mas agora nós teremos de te levar conosco. Qual seria o seu nome?

-Isa...bel - respondeu com grande dificuldade.

-Isabel... Belo nome. Me chamo Guilherme, e esse idiota ao meu lado é meu irmão Miguel. Teremos muito tempo para nos apresentarmos de uma melhor forma... Vamos sair daqui antes que alguém veja isso.

Dito isso, Guilherme fez menção de pegar Isabel em seus braços.

- Com sua permissão...

Ela foi suspensa com grande delicadeza pelo homem, mas mesmo assim seu ferimento doeu ainda mais com a movimentação. Vendo a expressão de agonia na face de Isabel, ele rapidamente pediu perdão, mas disse que aquilo era algo necessário.

Talvez por causa da perda constante de sangue, pela brisa em seu rosto, pelo confortável embalo nos braços de Guilherme, ou então por causa daquele doce aroma que vinha dele, a jovem perdeu a consciência.




Isabel acordou deitada em uma cama, seu ombro completamente enfaixado, e estranhamente muito menos dolorido quanto ela imaginara que estivesse. Ela se sentia estranha, não sabia descrever como, mas se sentia diferente. Ela parou para olhar ao seu redor. Aquele quarto era enorme! Havia duas enormes estantes que íam do chão ao teto, que era razoavelmente alto, completamente cheias de livros.

Uma grande bancada, também repleta de livros, mas que também tinha algumas pequenas estátuas de uma pedra escura e duas que ela julgava serem de ferro bruto. Uma era um emblema e a outra era um ovo do tamanho de uma cabeça, repleto de entalhes que, assim como o emblema, lembravam alguma tribo bárbara. Dentre as outras, a única que se destacava era a de um lobo olhando para cima, como que para a lua.

No quarto, o que mais chamava atenção era uma enorme pintura de um lobisomem de longos pêlos negros, longilíneo e usando vários adornos, como um bracelete com uma gema e algumas jóias penduradas em sua pelagem. Ele descia de uma forma furtiva por entre algumas rochas e olhava fixamente para fora da pintura, como que analizando cada movimento de quem olhava para ele. Embaixo desse quadro, preso na moldura, estava um grande emblema de ouro muito trabalhado onde estava escrito, com uma caligrafia gótica, “Timide”.

Foi então que Guilherme entrou no quarto e, notando que ela olhava para a pintura, explicou.

- É um retrato muito antigo que nos foi dado por um grande amigo e artista que fazia parte do nosso mundo. Ele representa as principais características do nosso clan.

Vendo a pequena confusão na face de Isabel, ele continuou a explicação.

- Sabe, a população de Lobisomens é dividida entre 7 grandes clans. Nós pertencemos ao Clan Timide, também conhecido como Shadow Stalkers, o que você pode entender olhando para o quadro. Se você já viu algum filme de lobisomem, pode imaginar o que acontece com quem é mordido, não?

Só então ela entendeu. A sensação estranha que ela sentia era por isso. E a ausência de dor era porque a ferida talvez já estivesse curada...

- Isso mesmo, você agora é uma Timide.

Ela demorou um pouco para assimilar a informação. Vendo a confusõo dela, ele continuou.

- A partir de hoje, você vai morar conosco e não poderá ver sua família por um tempo. Pelo menos até você controlar completamente suas transformações, mas ainda assim é melhor que você continue morando conosco. A menos que você faça questão de...

- Não acredito que isso realmente tá acontecendo comigo!

- Eu sei. Me desc...

- Que massa! Porque não me morderam antes?

Agora foi Guilherme que ficou um tanto atordoado. Essa garota devia ter problemas. Ele gostara dela.

- Ok... Você reagiu melhor do que eu esperava... Agora, tem mais uma coisa que você deveria saber...

- O que?

- Você estava andando com alguém aquela noite?

Foi então que Isabel se lembrou de seus amigos. Como ela iria explicar para eles? E até que horas eles ficaram esperando por ela? E como ele sabia deles? Será que acontecera alguma coisa...?

- Sim, eu estava...

- Bem, leia isso. É de três dias atrás.

Ele jogou um jornal para ela. A notícia em destaque na primeira página dizia: “Depois de 5 dias de procura, ainda não foram encontrados sinais dos três jovens desaparecidos”. A matéria tratava de um trio de amigos que saíra para comemorar o sucesso no vestibular quando desapareceram. O último lugar onde se teve notícia deles fora no Parque da Redenção, segundo o relato do vigia que cuidava dos sanitários do local. Embaixo de tudo estavam três fotos, com os nomes embaixo: “Isabel Crystal Moreira”, “Daniella Ferreira” e “Gabriel W. Timm Machado”.

Ela congelou... O que acontecera com eles?




- E desde aquele dia eu venho procurando por vocês... E vocês, o que aconteceu?

- Bom...

- Se me permite a interrupção – disse Miguel, que até então não havia pronunciado nenhuma palavra – já está quase amanhecendo e nossos amigos talvez queiram parar para descansar.

- Verdade, irmão. Se vocês não se importarem, gostaria que ficassem aqui. Temos quartos suficientes para todos. Não há motivo para pressa com as novidades, afinal vocês tem vidas imortais inteiras pela frente para porem o papo em dia...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Capítulo 3 – O Clan Timide

- Isa...bel? – repetiu a pergunta – É você mesmo?


A resposta para essa pergunta veio no enorme abraço que a garota deu em Hector. O abraço da garota era quente, um pouco quente demais, mas isso apenas aumentava o significado dele. Em seguida, outro abraço envolveu a garota. Era Daniella. Pela expressão em sua face, ela parecia que iria... Foi então que ele notou um filete de um líquido preto escorrendo de cada um dos olhos de sua amiga. Ele sabia o que eram aquelas “lágrimas”. Aquilo era sangue. Sua amiga não chorava daquela maneira fazia dois anos... Mas isso não interessava agora.

Ele fez um gesto para Dani dizendo para que ela limpasse as “lágrimas” antes que aquilo assustasse sua amiga.

- Isa...bel... – Disse Daniella em meio a alguns soluços – Você está... bem, finalmente...

- Digo o mesmo para vocês! Onde vocês estavam? O que aconteceu com vocês? Como vocês viraram... bom, vocês entenderam... O que houve naquela noite?

- Hey! Eu que ía te perguntar isso! As únicas notícias que tivemos de você depois daquela noite foi o que lemos nos jornais, o que não ajudou muito.

- Eu também...

- Ahn, com licença – Disse um homem vestindo uma calça jeans escura, uma regata branca e um blazer com uma cruz branca nas costas, se aproximando dos amigos – Esse momento é muito bonito e tudo mais, mas acho mais prudente continuá-lo em outro lugar. Em nossa casa, talvez? – disse, olhando para Isabel e depois para um outro homem, este usando apenas um jeans azul e uma regata preta – De acordo Miguel ?

- Claro, meu irmão.

Então Hector entendeu, aqueles eram os outros lobos! Mas quando eles haviam se transformado? E eles trocaram de roupa, sem que ele notasse...

Vendo a expressão dele, o primeiro deles se apressou em responder:

- Perdoe a minha falta de educação. Não me apresentei corretamente. Me chamo Guilherme Timide, e esse é meu irmão, Miguel Timide. É um prazer imenso conhecê-los. – disse, fazendo uma leve reverência.

Hector reconheceu aqueles nomes, mas aquela briga não era sua e era melhor deixar de lado.

- Me chamo Hector Illuminati, e essa é minha irmã de sangue, Daniella Illuminati – respondeu Hector, fazendo o mesmo.

Tanto ele quanto Dani não deixaram passar a rápida expressão que passou pelo rosto do licantropo. Parecia uma mistura de raiva antiga com curiosidade e espanto.

- Bom, Hector e Daniella, se puderem nos acompanhar...

- Com todo o prazer.

Todos então seguiram caminhando para fora do parque, parando antes para que Isabel pudesse vestir suas roupas. Daniella e Isabel ficaram conversando sobre como sentiam saudades uma da outra, ansiosas para chegar na casa. Hector andava ao lado de Miguel, apenas analisando os dois irmãos.

Chegando ao calçamento, Guilherme se virou para todos.

- Bom, daqui em diante vocês se importam de acelerarmos o passo? Se não, demoraremos a noite toda.

- Por nós, tudo bem. Acredito que podemos acompanhar vocês, mesmo transformados...

- Esse é o detalhe, não pretendemos nos transformar novamente. Veja bem, eu e Miguel já temos o controle necessário sobre nossos poderes para que possamos ampliar nossa velocidade, mas Isabel ainda não. Algum de vocês se importa de carrega-la durante a viagem? – vendo a reação de constrangimento de Isabel, ele adicionou – Dani, talvez?

- Isso será um problema... não acho que manteria a mesma velocidade de vocês carregando ela, que parece ter ganho um pouco de massa corporal – disse rindo – já Hector, eu acredito que poderia. Digamos que ele ganhou os músculos, e eu, o cérebro...

Todos riram, menos Isabel, que previa a situação em que estaria.

- Não esquenta, eu não mordo... – disse ele rindo, mostrando propositalmente sua presas – a menos que você deixe...

- Vai sonhando, morceguinho. Me morde que eu mordo de volta.

- Sim, senhora.

Ele pegou a amiga nos braços, fazendo questão de olhar em seus olhos. Ela realmente estava linda, e aquela situação era um tanto interessante...

- Estou de olho nas suas mãos, senhor engraçadinho.

- E eu em você – provocou o vampiro em meio a gargalhadas, enquanto Isabel ficava vermelha novamente.

Depois disso, todos seguiram em uma corrida. Primeiro no chão, depois pelos telhados dos prédios, em direção à zona norte da cidade.




Alguns minutos mais tarde, eles chegaram à casa dos irmãos. Ela era grande, localizada em meio a muitas arvores, isolada, nos limites do subúrbio da cidade. A construção era de um estilo clássico vitoriano, com um telhado que se erguia na forma de um “V” invertido. Tinha janelas grandes de madeira escura, assim como o resto da casa.

- É realmente bonita.

- Obrigado. Esse é um dos benefícios de uma vida longa. – respondeu Guilherme, cordial como sempre.

Hector ficou mais alguns segundos admirando a casa quando foi tirado de seus pensamentos por Isabel.

- Já pode me soltar agora, sabia?

Ele havia esquecido completamente que ainda estava segurando a garota em seus braços.

- Ah, Bel... Mas eu passei dois anos sonhando com esse momento... Deixa só mais um pouquinho, vai... Prometo que você não vai se arrepender.

- Ha ha ha. Não teve graça. Agora me solta antes que eu resolva esse problema sozinha e sote seus braços de você.

- Ai, que garota perigosa! – disse ele, soltando a amiga.

- Sou mesmo, cuidado hein?

- Sabe... Cão que ladra, não morde.

- Ooolha... Que arriscar?

Ambos começaram a tomar posições de luta quando Daniella os interrompeu, mandando que parassem com aquela palhaçada. Depois disso, os três começaram a rir. Como era bom estarem todos juntos novamente.

- Espere até ver meu quarto, Dani!

- Woooow! Tu mora com eles?!

- Claro que sim, né! – respondeu Isabel, achando aquilo óbvio – Ãfinal, eles são minha família agora.

- Certo, certo...

Entrando, viram que a casa era ainda mais impressionante por dentro. Vários móveis estavam espalhados de uma forma casual, mas que mantinha uma perfeita harmonia. Hector sentiu um pouco de vergonha de sua “casa”. Depois daquela noite, ele iria trabalhar um pouco melhor em sua moradia. Talvez chamar Daniella para morar junto a ele, como uma família... Aquilo ajudaria com os custos, pelo menos. Depois ele iria falar sobre aquilo com ela, que provavelmente estava sentindo o mesmo com relação ao seu esconderijo.

- Bom, vamos até a sala de estar inferior. Acredito que seja o lugar mais confortável para continuar aquela conversa a tanto esperada.

- Quantas seriam as salas da casa? – perguntou Hector, curioso – Ou melhor, quantos seriam os aposentos?

- Uma cozinha, duas copas, seis quartos, quatro salas de estar, duas de jantar, duas salas de jogos, uma no sótão e outra no porão juntamente com a sala para onde vamos, cinco banheiros, uma adega, uma biblioteca, três escritórios...

- Três? Até Isabel tem um?

- Na realidade, não... É uma longa história, longa demais para essa noite. Falaremos de nosso passado em outra oportunidade, talvez. – respondeu educadamente Guilherme.

- Perdoe-me a intromissão, não era a minha intenção.

- De maneira alguma. Vamos, acompanhem-me.

- É realmente uma casa impressionante, se me permite o comentário. Todos vocês são impressionantes. Adoraria ouvir suas histórias em outro momento.

- Muito obrigado pelo elogio. Será um enorme prazer contar-lhe algumas desventuras de meu passado.

Eles desceram por algumas escadas e entraram em uma sala de iluminação fraca, vinda de uma lareira no meio de uma parede. Várias poltronas antigas se encontravam em volta do fogo. Aquilo parecia saído diretamente de algum filme antigo. Eles se sentaram, cada um em uma poltrona, e um silêncio se instaurou no cômodo, sendo quebrado apenas pelos estalos da madeira em chamas na lareira.

- Então, quem de nós começará a contar sua história primeiro?

- Acho que eu farei isso – respondeu Isabel – se vocês não se importarem...

sábado, 7 de agosto de 2010

Capítulo 2 – Recordações 1: O Começo de Tudo

Os três amigos desceram do ônibus no Parque da Redenção. Já havia anoitecido, mas nenhum deles deu muita importância para isso. Aquele era um dia especial, pois a lista dos aprovados da UFRGS havia saído naquela manhã, e todos haviam sido aprovados. Aquele era um dia de comemoração.


- Não acredito que estamos prestes a entrar na faculdade...

- Verdade... Parece que foi ontem que nós estávamos no primeiro ano, saindo juntos pela primeira vez...

- Tanta coisa aconteceu. Uma mais engraçada que a outra.

- Lembra aquela vez nós quase quebramos o dedo da Dani de tanto pisar “sem-querer” no pé dela?

- Ha-Ha-Ha. Muito engraçado aquilo. Vou pisar na tua cabeça da próxima vez.

- Calma, calma. Não precisa brigar.

- Teve aquela vez que veio todo o pessoal com o violão pra Redenção... Aquilo sim foi tri.

- É... Foram tantas coisas até agora... Eu realmente adoro vocês.

- Bem que esses dias podiam nunca acabar, né?

- Ai, que amor!

- Me deixa, tá...?

- Mas... Agora a gente não vai mais se ver todo dia... Talvez nem todo mês...

Um silêncio seguiu aquele comentário. Nenhum dos amigos queria pensar muito naquele assunto. Já fora ruim quando apenas Isabel saíra do colégio no ano anterior. Agora, sabe-se lá quando eles iriam sair de novo.

- Mas, então...Para a casa da Dani! – gritou Gabriel, quebrando o silêncio e sendo rapidamente repreendido por Daniella.

- A gente está na Redenção, caramba. Não começa a chamar atenção.

Eles continuaram andando na direção da Av. João Pessoa.

- Gente... Preciso ir ao banheiro...

- Tem de ser agora, Isabel?

-Sim, né! Se não, eu não falaria. Mas é rapidinho. Me esperem aqui embaixo do Monumento do Expedicionário. Já já eu volto, vocês não vão nem sentir minha falta.

- Disso eu sei...

- Eu ouvi isso!!

- Isso o quê...?

Quando ela saiu, um certo nervosismo surgiu em Gabriel. Aquela podia ser sua melhor chance de fazer aquilo, e ele não pretendia desperdiça-la.

- Dani.. – começou – eu queria fala uma coisa contigo... Antes que a Isabel volte.

- Diga... – disse ela, tentando imaginar de que se tratava. Ao notar a leve vermelhidão no rosto dele, seu rosto também enrubesceu. Será que...?

- Bom... Eu queria te falar que...

- Que...?

- Já tem um tempo que... Como eu posso dizer isso...

- Fala de uma vez!

- Tá bom, tá bom. Acontece que...

Mas antes que ele pudesse terminar, ele foi interrompido pelo grito de Daniella. Ela olhava para as costas dele com uma expressão de pavor. Quando Gabriel se virou, ele também ficou aterrorizado. Uma mulher loira vestida de branco vinha caminhando com dificuldade, coberta de sangue. Ela estava gravemente ferida e precisava de ajuda.

Os dois correram rapidamente em sua direção para ajudá-la...





Elisabeth corria o mais rápido que podia, utilizando ao máximo sua velocidade sobrenatural, porém sues ferimentos eram muito graves e ela não tinha certeza se conseguiria fugir por muito tempo.

Ela olhava frequentemente por cima de seus ombros, para ter certeza de que havia se distanciado de seus perseguidores. Eles deviam estar quilômetros atrás dela, mas ela sabia que era uma questão de tempo até ela não poder mais correr e eles a alcançarem. Ela precisava urgentemente se alimentar.

Após cruzar quase todo o Parque da Redenção, seus músculos não aguentaram mais. Ela foi obrigada a parar sua corrida e continuar caminhando. Aquele era seu fim. Então, como que por obra do destino, ela avistou um casal jovem vindo em sua direção com rostos preocupados. Ela não queria fazer aquilo, mas não era hora para compaixão.

Quando eles se aproximaram, ela fingiu cair exausta ao chão, planejando pegá-los desprevenidos. Ela esperou até que ambos estivessem ajoelhados ao seu lado para então começar seu ataque. Em uma fração de segundo ela segurou o pescoço da garota e mordeu o pescoço do rapaz, sorvendo seu sangue o mais rápido possível. Após terminar com ele, se voltou para a jovem, que se debatia inutilmente, e repetiu o processo. No primeiro momento ela só podia sentir o alívio de ter seus ferimentos curados em segundos, mas então ela reparou no olhar do jovem para a garota sangrando ao seu lado e nos restos do que antes foram pétalas em sua mão esquerda.

Seu corpo congelou no momento em que ela entendeu o que havia interrompido. Um forte sentimento de tristeza e nostalgia encheu seu corpo. Ela não podia voltar atrás agora e só havia uma opção.

Ela mordeu seu pulso, deixando um grosso filete de sangue negro escorrer e pôs o ferimento primeiro na boca do jovem, fazendo-o beber, e então na boca da garota. Feito isso, ela colocou ambos em seus ombros e voltou a correr em direção à sua casa e esconderijo. Um enorme sentimento de culpa invadia sua consciência e ela sabia que nunca se perdoaria por ter feito aquilo...




A última coisa de que Gabriel se lembrava era de ver Dani sendo atacada e depois jogada no chão ao seu lado. Ele havia sentido uma lágrima escorrer em seu rosto ao encarar a amiga sangrando no chão, morrendo. E depois ele já não sentia nem via nada, nem mesmo aquela lágrima fria em sua pele. Então uma dor começou a surgir em seu pescoço e cabeça, se espalhando pelo seu corpo a cada pulsação fraca de seu coração, como um veneno. Depois disso tudo que ele sentia era dor, uma imensa dor por todo seu corpo. Ele perdeu completamente a noção do tempo. Não sabia se haviam passado minutos ou meses. Tudo que ele sabia era que ele queria que aquela dor parasse de vez, mas ela não passava, nem diminuía por um instante sequer. Ela apenas aumentava mais e mais.

De repente, tão repentinamente como surgiu, aquela dor sumiu... Simplesmente sumiu.

Gabriel voltou a si e abriu os olhos...