domingo, 20 de fevereiro de 2011

Capitulo 11 – Recordações 5: Um Pequeno Massacre no Gelo

Antes do capítulo em sí, eu queria apenas avisar uma pequena mudança: O fim da parte um não mais ocorre no capítulo 10, e sim nesse capítulo.


 ***************************************


As árvores balançavam calmamente com a brisa noturna. Muitas delas já tinham uma forma permanentemente curvada na direção do vento, uma vez que ele soprava constantemente e sempre na mesma direção. Muitos já haviam notado essa característica daquela região, mas sempre desapareciam de forma inexplicada pouco tempo depois.


Seguindo na direção do vento, encontrava-se uma enorme lagoa, que desembocava no mar em um local distante. Sobre as águas próximas daquela região, existia uma misteriosa névoa, que tomava a forma de uma neblina cerrada à medida que se aproximava da margem.

Em meio às árvores, próximo à lagoa e a uma parede de pedra natural, semelhante a um penhasco, porém formado artificialmente, havia uma casa. Ela tinha uma união de um estilo gótico com o de uma clássica casa de campo norte americana, suas grossas paredes eram feitas de madeira trabalhada e tinham uma cor escura. Havia, entretanto, muitos detalhes da estrutura feitos de pedra, tais como a fundação e algumas das vigas de sustentação da casa. Sobre suas elegantes portas havia vitrais lembrando os de uma catedral antiga. A construção de dois andares tinha o telhado inclinado, típico de regiões de neve, do qual saía, do lado esquerdo, uma chaminé de tijolos, revelando a existência de uma lareira.

Apesar de ser verão, as pedras e a vegetação rasteira próximas da casa apresentavam uma fina camada de gelo as cobrindo, com exceção das que tiveram essa camada removida em razão da formidável batalha que ocorria ali.

Ele saltou sobre seu adversário realizando um mortal e, usando sua agilidade sobre-humana, desferiu um potente golpe com sua katana mirando o ombro de sua adversária; ela bloqueou, entretanto, o ataque cruzando seu par de sais sobre a cabeça, impedindo a lâmina de alcançar seu corpo.

-Você pode fazer melhor, Gabriel! - gritou a jovem loira que estava sentada sobre uma pedra próxima aos combatentes.

Ouvindo aquele comentário, ele sentiu um sentimento crescente de raiva invadir seu corpo, fazendo com que ele apertasse com mais força sua espada. Seu corpo atingiu o chão, ele dobrou os joelhos para amortecer o impacto e aproveitou o movimento para ganhar um impulso maior para o próximo ataque, sem dar a sua adversária uma chance de contra-atacar. Ele usou toda a força de suas pernas naquele movimento, avançando a uma velocidade incrível e a uma altura baixa, ao mesmo tempo em que invertia a empunhadura da katana, com a lâmina acompanhando seu antebraço. Enquanto a garota se virava pela direita para acompanhá-lo, ele passou por ela pela esquerda, segurando a espada na horizontal mirando a lateral de seu abdômen. Mesmo com seus apurados reflexos, ela apenas conseguiu bloquear parcialmente o golpe com uma de suas armas, deixando a lâmina escapar e atingi-la. Apesar de não ser um golpe direto, o corte causou-lhe uma ardência agoniante e arrancou-lhe um pequeno grito de dor.

- Melhor... - disse a jovem, ainda sentada.

Gabriel não conseguiu conter um sorriso triunfante por ter finalmente atingido sua adversária, após tantas tentativas. A garota se virou, sua face transtornada pela dor por um momento, mas rapidamente ela adotou uma expressão serena, parecendo concentrar-se em algo enquanto cruzava o par de sais a sua frente.

- Mas talvez não o suficiente... – continuou a loira, com um leve tom de sarcasmo.

Sem entender o comentário por um momento, Gabriel voltou seus olhos para a garota a sua frente e reparou algo que lhe tirou o sorriso presunçoso. Com uma velocidade descomunal, ele viu os dois lados do corte que ele fizera por toda a lateral do tronco dela unirem-se novamente, contendo completamente o sangramento, reconstituindo a musculatura atingida e depois regenerando completamente a pele onde o golpe ocorrera.

A jovem olhou para ele então, devolvendo por um momento o sorriso presunçoso e tirando proveito do momento de surpresa de seu adversário para efetuar o seu ataque. Ao mesmo tempo em que avançava na direção dele, ela lançou ambas suas armas no chão abaixo do seu oponente, cravando uma em cada um de seus pés e prendendo-os no chão. Antes de atingir seu adversário, que agora urrava de dor, a garota sacou da lateral de suas pernas um segundo par de sais.

Passada a surpresa e a dor inicial, ele ergueu sua espada para frente, entretanto, sua oponente previra aquele movimento e já havia bolado o melhor golpe. Ela trouxe de baixo uma de suas armas, cravando sua ponta maior no antebraço de Gabriel e em seguida, aproveitando o momento do movimento de ambos, ela ergueu o máximo possível seus braços, deixando tanto o seu peito quanto o de seu adversário expostos.

Usando aquela abertura, Daniella cravou seu sai no topo do abdômen de Gabriel, indo na direção de seu coração. Para sua surpresa, ele também previra aquele último movimento e já aguardava a dor do golpe. Sem hesitar com a crescente ardência em seu estômago, que rapidamente tomava o interior de seu peito, ele fez um giro com seu pulso direito, onde segurava a espada, fazendo com que ela passasse para as costas de sua adversária, prendendo ela ali. Em seguida, Gabriel trouxe para trás seu punho esquerdo, tomando impulso, e desferiu um potente golpe na lateral desprotegida do tronco de Dani, quebrando-lhe no mínimo quatro costelas. A vampira urrou de dor e cravou mais ambas as armas, girando-as nos ferimentos. Em meio a gritos de agonia, ele desferiu um segundo golpe no mesmo local, dessa vez continuando o ataque em um corte com suas garras, que foi até a metade da barriga de Daniella.

Uma enorme quantidade de sangue escorria de ambos os combatentes, o que fazia com que ambos perdessem a razão e começassem a entrar em um estado de frenesi. Se ninguém os impedisse naquele momento, eles continuariam aquela batalha até que ambos estivessem em um estado extremamente próximo da aniquilação completa. Elisabeth sabia disso e não pretendia deixar que essa estupidez acontecesse, principalmente sendo ela a responsável pela batalha.

- Parem agora! – gritou a vampira, mas o comando foi ignorado – Eu mandei parar, seus idiotas!

Vendo que eles já haviam perdido a razão e continuariam aquela batalha até a morte, ela se viu obrigada a interferir de forma drástica. Ela ergueu ambas as mãos, cada uma apontada para um dos jovens, e invocou seu poder único. Em segundos todo o ar em um raio de cinquenta metros tornou-se extremamente frio e de seus dedos saíram linhas brancas de ar que, ao atingir os corpos dos vampiros, deram origem a uma grossa camada de gelo que velozmente começou a cobrir os combatentes, que mal tiveram de virar seus rostos surpresos para Elisabeth antes de terem seus corpos, até a altura de seus rostos, completamente presos em uma espécie de esquife de gelo.

- Eu mandei parar! - urrou Elisabeth.

Seus olhos agora brilhavam vermelhos e seus longos caninos estavam à mostra em uma expressão de raiva. Seus cabelos loiros agora estavam erguidos por um forte vento ascendente que surgiu ao redor da vampira, tornando-a ainda mais assustadora. Ambos os jovens vampiros se encolheram o máximo possível em suas pequenas prisões de gelo, sentindo um enorme medo perante aquela demonstração de poder muito superior ao seu. Eles sentiam ao mesmo tempo vontade de cair de joelhos e de sair correndo o mais rápido possível dali.

Vendo a reação de medo dos dois amigos, Elisabeth imediatamente suprimiu seus poderes, cortando a crescente corrente de ar que a rodeava e permitindo que a temperatura ambiente subisse novamente. Ela se aproximou dos jovens que agora já haviam voltado a si.

- Vocês já treinaram o bastante, não acham? – disse ela, se aproximando deles – Vamos encerrar por hoje, vocês perderam muito sangue e vão precisar se alimentar antes de lutarem novamente.

Dizendo isso, ela apontou as mãos para eles novamente, mas dessa vez o gelo começou a derreter, libertando-os. Ambos caíram no chão devido aos ferimentos da batalha.

- O que acham de mais uma história?

Como os dois vampiros haviam recebido severos danos na região do diafragma e dos pulmões, eles preferiram apenas acenar positivamente com a cabeça. Com alguma dificuldade, eles sentaram-se de costas um para o outro, dividindo o peso de seus corpos e usando as costas um do outro como apoio, ao mesmo tempo em que continuavam olhando para Elisabeth.

- Então, há algo em especial que queiram saber?

- Aquela... Noite... – murmurou Gabriel, ofegante – O que... Havia... Acontecido com... Você?

Elisabeth encarou-o por alguns instantes. Ela sabia que eles perguntariam aquilo alguma hora, ainda assim, aquela não era uma história que ela gostava de contar.

- Está bem. No começo daquela noite, eu havia recebido uma carta manuscrita do próprio líder da família. Ela dava instruções sobre uma missão de enorme importância que ocorreria naquele mesmo dia. Estava escrito o ponto de encontro, o horário exato de chegada, os integrantes e suas funções básicas no grupo, o local onde seria realizada a missão e uma informação vaga sobre os inimigos serem mannari...

Elisabeth releu a carta, olhou a parte de trás da folha e não encontrou nada sobre qual era o objetivo da missão. Aquilo estava muito estranho, mas ela, como segunda no comando da missão, não poderia faltar ou se atrasar, e ela tinha pouco mais de uma hora até o encontro do grupo.

 


Rapidamente, ela vestiu uma de suas roupas de batalha: uma calça negra de couro, um par de botas de cano longo, uma blusa de linho branco de mangas compridas e um corpete negro sobre a blusa. Sem perder tempo, pegou suas duas pistolas Kel-Tec PLR-16, munição normal e de prata e sua arma favorita, um bastão de metal de 1,70m. Ela guardou as duas armas nos coldres e prendeu o bastão nas costas.


A vampira ainda tinha 45 minutos até o horário marcado. Sem perder tempo, ela saiu para as ruas, procurando uma vítima pelo trajeto, pois seria muita imprudência ir a uma missão sem se alimentar antes. Felizmente, ela avistou um garoto de aproximadamente 19 anos andando sozinho na rua. Ele tinha a pele mulata, um cabelo curto e andava querendo parecer malandro e perigoso. Quando notou que ela se aproximava, o jovem colocou na cabeça o chapéu que trazia na mão e começou a andar de um jeito ainda mais patético.


- E aí, gatinha? – disse ele com uma voz enrolada, como se tivesse a língua grande demais para a própria boca – Eu tava indo pruma festa, mas que tu acha de ir comigo lá pra minha casa e nós fazermos uma festinha só nós dois? – continuou ele, gesticulando de uma maneira que chegava a ser cômica.


Elisabeth continuou caminhando na direção do jovem, sem dar atenção ao que ele falava. Quando ela alcançou o garoto, desviou dos braços que ele ainda mantinha para frente e colou seu corpo ao dele, aproximando o rosto de seu pescoço e ouvido.


- Peraí, mina – disse ele, com a voz passando uma mistura de surpresa, euforia e ainda tentando parecer malandro – Tu é bem atiradinha, né não?


Aquele idiota arrogante já estava irritando a vampira. Lentamente ela levou a mão, por cima das roupas, até o órgão genital do garoto, que tremeu levemente quando notou o toque.


-Woow. – continuou ele – Me curtiu tanto que num guenta nem esperar até chegar lá em casa?!


Estava na hora de acabar com aquela brincadeira idiota.


- É tão difícil assim falar corretamente? – sussurrou Elisabeth no ouvido do rapaz – Apesar de que agora já é tarde demais, seu imbecil arrogante.


Assim que terminou a frase, a vampira apertou os testículos do jovem com toda a sua força, sentindo alguns tecidos cederem com a pressão e se partirem em seus dedos. O garoto jogou a cabeça para trás e tentou urrar devido à dor descomunal que sentia, mas seu grito foi abafado pela outra mão de Elisabeth. Aproveitando a posição da cabeça e do pescoço de sua vítima, a vampira cravou seus dentes da melhor maneira possível para se alimentar. Em instantes, ela sentiu sua boca inundar-se daquele líquido celestial. As sensações trazidas por aquele gosto e por aquele cheiro botaram a jovem em um estado de euforia que não terminou até que ela tivesse bebido cada gota de sangue do corpo de sua vítima.


Sem perder mais tempo, ela se livrou do corpo compactando-o de forma que ele ficasse irreconhecível, o jogou em uma lata de lixo e começou a se dirigir para o local marcado.


O encontro do grupo era no centro do Parcão, que àquela altura da noite estava deserto, tirando algumas pessoas com hábitos fora do comum. Elisabeth chegou menos de um minuto antes do momento combinado, encontrando lá os outros quatro membros.


- Elisabeth, já faz um tempo que não nos vemos. – disse um homem com a aparência de quarenta anos, vestindo uma calça jeans e uma camisa de linho aberta até a metade do peito – Espero que tenha se alimentado no caminho.


- Naturalmente que sim, Issac. – respondeu a vampira – Espero que você, como líder do grupo, sabia qual o nosso objetivo, não?


- Tudo no seu momento, minha querida. Vamos às apresentações?


Todos consentiram.


- Sou Isaac Illuminati, homem de confiança de nosso comando e atual líder desse grupo. Ah, sim, vampiro nobre.


- Damathor – apresentou-se um vampiro negro, alto e extremamente musculoso – Comandante de Batalha. Nível médio.


- Henrique – continuou um vampiro loiro e energético, obviamente hiperativo quando humano – Bucha de canhão, ou lutador, o que preferirem. Nível baixo.


- Stevan – disse um outro vampiro loiro – irmão desse idiota, e mesma posição hierárquica. Nível baixo.


Todos olharam para Elisabeth, esperando que ela se apresentasse.


- Elisabeth Illuminati. Segunda no comando dessa operação. Vampira nobre.


- Terminadas as apresentações, podemos ir? O local é longe e temos de chegar lá logo.


Todos seguiram Isaac até o estacionamento do parque. Lá, entraram num carro esporte negro e saíram do lugar cantando pneu. Como tinha reflexos sobrenaturais, o vampiro dirigia o tempo todo com o pé no fundo do acelerador, cantando pneu a cada curva que fazia. Já era quase meia noite e a missão era em um local afastado, próximo à cidade de Viamão. Com a pequena corrida feita pelo líder do grupo, eles chegaram nas proximidades do lugar em aproximadamente meia hora de viagem. Para não alertarem os inimigos de sua presença, deixaram o carro em um lugar afastado, coberto pela vegetação, e seguiram o resto do caminho a pé.


- Pode dizer nosso objetivo agora, Isaac?


- Bom, basicamente, devemos procurar e trazer conosco um caixão, esquife, ou até mesmo uma Dama de Ferro, que tenha encravada uma lua cheia. Se virem algo semelhante, me avisem e eu direi se é o que procuramos.


- E quanto aos licântropos?


- Não há necessidade de entrarmos em batalha com eles, mas se for preciso, matem-nos.


Dito isso, todos seguiram adiante, os novatos na frente, seguidos por Damathor e depois pelos líderes do grupo. Todos caminhavam furtivamente, abaixados. Algumas árvores começaram a surgir no terreno à medida que se aproximavam do destino, apesar de ainda não poderem ver a casa.


Ao se aproximarem de um trio de árvores, Elisabeth teve uma sensação estranha, mas, antes que ela pudesse alertar os outros, duas formas negras saltaram ao mesmo tempo sobre o grupo, o mais à frente sobre Stevan e o outro sobre Isaac. Ambos caíram executando o mesmo movimento: ainda durante a queda, precisamente sobre os alvos, as criaturas, que a vampira identificou como sendo lobisomens, desciam com as pernas atrás de suas vítimas, enquanto os braços ficavam na frente, e, antes de atingirem o solo, os licântropos cravavam as garras profundamente no peito de suas vítimas, prendendo-as. Para encerrar rapidamente o combate em um único golpe, os inimigos abaixavam a cabeça, pondo dentro de suas bocas o crânio de seus alvos e desferiam uma mordida fatal, decapitando as vítimas.


A vampira ficou surpresa ao ver com que facilidade o primeiro no comando caíra, apesar de não haver muito que fazer em resposta àquele ataque surpresa. “O primeiro no comando caiu no primeiro ataque” pensou ironicamente Elisabeth, que depois notou o fato de ela ser a segunda no comando.


Ela não teve muito tempo para pensar naquilo, pois em seguida ouviu um balançar nos galhos acima de sua cabeça. Rapidamente, ela saltou para trás, instantes antes de um terceiro lobo cair das árvores exatamente onde ela estava.


A criatura a sua frente era muito maior que ela, tinha mais de dois metros de altura, ombros largos e um corpo extremamente musculoso coberto por longos pêlos negros. Elisabeth não entendeu o porquê dele ter saltado depois dos companheiros. Se tivesse efetuado o movimento antes, teria pegado a vampira de surpresa e ela provavelmente já estaria morta. Sem desperdiçar a chance de combate justo oferecida acidentalmente pelo inimigo, a vampira desprendeu de suas costas seu bastão metálico e entrou em combate corpo a corpo.


Mesmo com sua agilidade e força sobrenatural, a vampira estava em desvantagem contra aquele monstro. Após alguns segundos de batalha, ela não tivera nem mesmo uma chance de contra-atacar, precisando defender-se continuamente dos ataques poderosos das garras do lobo. Ela precisava tomar alguma atitude rápido, ou então não teria tempo de ajudar os companheiros que ainda não haviam caído e agora enfrentavam os outros dois inimigos. Se ela não mudasse a trajetória daquela luta, nem mesmo ela tinha certeza se sairia dali com vida.


O licântropo desferia uma sequência de golpes ritmados e de certa forma previsíveis, um golpe pela esquerda, um por cima, diagonal esquerda, diagonal direita vinda de cima e depois repetia a sequência, com uma variação ou outra. Notando que ela não precisaria de grande concentração para efetuar aquelas defesas, Elisabeth resolveu se arriscar. Se o lobo quebrasse o ritmo repentinamente, ela estaria perdida. Aquilo era uma aposta na possível inexperiência do inimigo. Ela não gostava de subestimar seus oponentes, mas não havia muito que fazer naquela situação. Sem interromper as defesas cadenciadas, a vampira começou a libertar seus poderes, momentaneamente perdendo a concentração na batalha. Se seu oponente fosse qualquer um dos outros dois lobisomens, esse movimento poderia ter sido fatal, entretanto, ela estava enfrentando o membro mais inexperiente do grupo, com menos de dois anos de vida sobrenatural. Aquela era talvez uma noite de sorte para a jovem, apesar de ela não achar isso de todo.


Rapidamente, a atmosfera ao redor de Elisabeth começou a tornar-se cada vez mais fria, atingindo temperaturas negativas após meros trinta segundos. A grossa pelagem dos licântropos os protegia do ar frio, mas esse seria o menor dos problemas do oponente da vampira. O jovem lobo começou a notar que sempre que um de seus ataques era bloqueado pelo bastão de metal, a temperatura de sua mão, e posteriormente do seu braço diminuía. Não demorou muito para que a velocidade de seus movimentos começasse a diminuir. Notando que sua estratégia surtira efeito, a vampira começou o verdadeiro contra-ataque. Ela concentrou-se ainda mais em sua arma, fazendo com que uma fina camada de gelo começasse a surgir nas extremidades, gradualmente aumentando.


Agora que o ritmo dos ataques reduzira consideravelmente, Elisabeth começou a desferir rápidos ataques nas pernas e no tronco do lobisomem, próximo aos braços. Cada golpe criava imediatamente uma leve camada de gelo na região, que aumentava a cada golpe desferido no local. Não demorou muito para que uma grossa camada de gelo cobrisse as pernas da criatura e uma camada menor, que fora continuamente removida pelo movimento dos ataques até que os músculos começassem a sofrer os efeitos do congelamento, cobria a região lateral do tronco e os ombros do lobo, prendendo seus movimentos. Quando o jovem licântropo notou que a dormência que ele sentia nas pernas era, na realidade, efeito da camada de gelo que ele nem mesmo sentia sobre a sua pele, já era tarde demais.


Elisabeth afastou-se um pouco do oponente paralisado e fechou os olhos por alguns segundos. Quando ela os abriu, havia neles um leve brilho azulado opaco. As extremidades de sua arma foram cobertas por uma grossa camada de gelo, fazendo que as pontas do bastão lembrassem uma espécie de clava de gelo.


- Eisege Tod – disse a vampira, com uma voz profunda e serena.


Ela avançou na direção do lobo e começou a desferir uma sequência de golpes a uma velocidade absurda, usando ao máximo sua velocidade vampírica, de modo que seus braços e sua arma se tornassem um borrão branco. A cada golpe desferido, uma grande camada de gelo se depositava sobre o corpo do licântropo. Após três segundos, seu corpo todo tinha uma cobertura de gelo. Após dez segundos, um esquife de gelo havia se formado ao redor do lobo, prendendo-o completamente.


- Brechen.


A vampira saltou a mais de três metros do chão e caiu desferindo um golpe direto com as duas mãos no topo do esquife. Devido a sua força sobrenatural e ao estado frágil do gelo e do corpo já completamente congelado em seu interior, o bastão quebrou completamente a pedra de gelo e o corpo congelado do licântropo. Inúmeros fragmentos de gelo e carne congelada voaram para todos os lados.


Elisabeth levantou-se do chão após desferir o golpe final e olhou para onde seus companheiros deveriam estar lutando. A cena que ela encontrou, entretanto, foram os dois corpos dos que caíram com o ataque surpresa, um corpo mutilado mais a frente do grupo, que provavelmente era o que sobrara de Henrique, e Damathor extremamente ferido sendo segurado em uma das mãos de um dos lobisomens que encaravam a vampira furiosamente. Ela reparou duas coisas um tanto curiosas: o lobisomem de pêlo negro e mais musculoso, que havia caído sobre Stevan, tivera uma mudança em sua aparência, tornando-se mais selvagem, mas a maior mudança estava em seu olhar, agora banhado em uma chama de insanidade, que aumentara ainda mais ao ver ela derrotar seu companheiro; já o lobisomem de pêlo cor de cinzas e corpo mais esguio sofrera uma mudança completamente oposta, suas feições agora demonstrando grande serenidade calculista e seus olhos apresentando um brilho de astúcia enorme.


Após alguns segundos encarando Elisabeth, o lobisomem negro segurou o corpo de Damathor com uma mão e sua cabeça com a outra. Com um movimento rápido, como se fazer aquilo não exigisse muita força de seus músculos, ele separou a cabeça, juntamente da coluna vertebral, do resto do corpo do vampiro. Uma quantidade absurda de sangue negro e vermelho (provindo das vítimas mais recentes do apetite de sangue de Damathor) jorrou por todo o chão ao redor do corpo. Para encerrar o movimento, a criatura esmagou com as mandíbulas o crânio do vampiro negro, dando um fim definitivo a sua existência.


Agora a vampira estava sozinha contra aqueles dois monstros. Não foi preciso muita reflexão para concluir que ela só sairia viva dali se fugisse o mais rápido possível. Antes que os lobos tomassem o primeiro movimento, a vampira invocou ao máximo seu poder. Ela concentrou-se numa linha imaginária no chão a um terço do caminho entre ela e os licântropos. Por um segundo ela fechou os olhos e depois os abriu estendendo rapidamente as mãos para frente, apontando para a linha imaginária. Vendo o movimento repentino da vampira, o lobisomem negro começou sua investida.


- Eiswand!!!


Uma parede de gelo com no mínimo trinta centímetros de espessura se materializou no local onde Elisabeth apontara com as mãos, juntamente com uma grossa névoa que começou a cobrir o chão até a altura de seus joelhos. O lobo que já estava em grande velocidade não teve tempo de parar e bateu pesadamente contra a parede, deixando uma rachadura e uma mancha de sangue. Ele rapidamente se recompôs, tomou distância e começou a flexionar as pernas. A vampira entendeu o que ele pretendia e começou a se virar para correr, mas já era tarde. O lobo negro se jogou com toda a sua força contra a parede, colidindo com o ombro. Logo atrás dele vinha o segundo lobisomem, correndo como se não houvesse parede. Quando o pesado corpo da criatura colidiu com o gelo já rachado, a pequena muralha da vampira se despedaçou e, em meio aos escombros que caiam, surgiu o licântropo cinza, correndo já a grande velocidade. Elisabeth até tentou correr mais rápido e escapar, mas não conseguiu chegar nem perto disso. O inimigo saltou sobre a vampira, desferindo dois golpes simultâneos com as garras em suas costas, criando quatro profundos cortes com formato de “x”, e depois continuou o salto por cima do corpo da vampira, que caíra no chão com o golpe, parando 2 metros a sua frente enquanto seu companheiro se levantava e os alcançava.


Após um segundo tentando superar a dor agonizante que sentia nas costas, Elisabeth se levantou. Eles a haviam cercado, não havia modo fácil de ela sair. Os dois lobos trocaram um olhar e ambos investiram ao mesmo tempo na direção da vampira. Ela tentou desviar dos golpes simultâneos, mas um deles a acertou, abrindo um corte através de seu ombro direito. Após atacarem, os licântropos voltaram para os mesmos lugares, apenas invertendo as posições.


Elisabeth não sabia quantos golpes daquele ela suportaria antes de cair junto aos seus companheiros mortos. Ela ainda tinha uma última cartada para fugir, mas se ela também não funcionasse... Ela estaria perdida...


A vampira concentrou mais uma vez todo o seu poder, focando-se na névoa e na imagem de um espelho. Ela estendeu os braços a sua frente, cruzando-os na altura dos cotovelos, e gritou com todas as suas forças o nome de sua ultima esperança de sobrevivência.


- NEBLIGEN SPIEGEL!!!!!!!!!


Ao verem que sua oponente estava utilizando suas habilidades mais uma vez, os dois lobisomens investiram simultaneamente contra ela, sendo interrompidos, entretanto, por uma forte rajada de vento frio e de uma neblina extremamente espessa. Ambos pararam por um momento e tiveram uma visão momentânea da posição da vampira, logo entre eles. Eles avançaram, usando novamente uma sincronia extrema no golpe. Entretanto, as duas criaturas tiveram uma enorme surpresa. Ao atingirem seu alvo, descobriram que não passava de uma imagem refletida em uma fina lâmina de gelo que se quebrou facilmente com os golpes que continuaram, fazendo com que acertassem um ao outro na altura das pernas com uma enorme força. Os dois lobos urraram de raiva e dor e urraram novamente quando mais de dez imagens apareceram simultaneamente, correndo e se movendo para direções diferentes. Eles haviam perdido seu alvo...




- Depois disso, eu corri o máximo que pude, tentei despistá-los pelo centro da cidade e acabei no Parque Farroupilha... O resto vocês já sabem...

Os três vampiros ficaram em silêncio por algum tempo. Os ferimentos de Gabriel e Daniella já estavam praticamente cicatrizados após toda a narrativa. Passados mais alguns minutos, Daniella quebrou o silêncio.

- E depois você descobriu mais alguma coisa sobre aquele ataque? Os motivos? Quem eram os inimigos?

Elisabeth olhou para ela por algum tempo e depois balançou negativamente a cabeça, desanimada.

- Não descobri praticamente nada – respondeu a vampira, olhando para os próprios pés – A única informação que consegui foi o nome do clan ao qual os lobisomens pertenciam...

- E qual era? –perguntou Gabriel, finalmente participando da conversa.

- Eles pertenciam ao clan Timide... O companheiro deles que eu matei era Leonardo Timide, um garoto que eles haviam transformado acidentalmente e estavam treinando...

- E quanto aos dois que sobreviveram? Você sabe quem são?

- Só sei seus nomes... Guilherme Timide... E Miguel Timide...





.*          Fim da Parte I          *.

Combo Selos

Bom, acabei deixando acumular e agora tenho um pequeno combo de selos (isso se eu não deixei algum passar ^^). Com relação aos questionários sobre o autor que acompanham os selos... Não foi muita coisa que mudou desde o último, e o mesmo vale para as pessoas para quem eu mando o selo. Se eu receber mais um eu cumpro com as exigências, mas dessa vez fico devendo.

  

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Então...

Chego a estar constrangido com a demora das postagens... Mas dessa vez a culpa não foi completamente minha...

Basicamente, houveram alguns "problemas de prazo" com a pessoa que estava revisando os capítulos para mim. Então, depois de um mês, eu resolvi voltar a minha primeira "corretora", que me mandou o capítulo de volta em pouco mais de um dia... (vlw amor s2)


Enfim, esse problema foi solucionado...

"Quer dizer que agora os capítulos voltarão a ser semanais? *o*"

Não, infelizmente, agora meu tempo está mais tomado do que nunca... Um mês e poucos dias para o vestibular... Comecei mais um cursinho de revisão... Aula particular de redação... E um pouquinho de tempo para mim e minha vida social...

Não sei quando poderei postar/escrever o próximo capítulo, farei o meu possível, nem que eu use o período de inglês do cursinho pra escrever no caderno e depois digitar... Sei lá, eu me viro...

Só peço um pouco de paciência... Depois eu escreverei como um louco \o/

Agora vai começar a parte 2 do livro... Vai ficar beeeem legal *-*

Eu espero...
                                                                                            Pequena versão southpark style do Hector
Enfim, é isso =D                                                                      q eu fiz só pro post (não ta mto boa >.<)

 
Abraço a todos

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cap. 10 - A Regressão

Todos passaram o resto da noite conversando casualmente próximos da lareira, até mesmo Miguel, que parecia mais à vontade desde a chegada de Sophia.


Os assuntos variavam desde a luta recente, até como era a rotina de cada uma das “famílias”. Próximo às 5 horas da manhã, Dani começou a parecer cada vez mais cansada, logo desistindo de ficar acordada e subindo para seu quarto. Antes que Hector começasse a fazer o mesmo, Isabel o interrompeu.

Vendo as intenções do amigo, a garota levantou de sua poltrona e se aproximou do garoto que estava sentado no chão próximo do fogo. Ela botou levemente a mão em seu ombro e curvou o corpo, de modo que seu rosto ficasse na mesma altura que o do vampiro.

- Aja como se fosse dormir... – sussurou a garota, baixo suficiente para que apenas ele ouvisse, mesmo com os sentidos extremamente aguçados dos lobisomens. – Vá para o meu quarto e me espere lá...

Ele achou aquilo um pouco estranho, mas aparentemente a garota queria falar de algo importante com ele.

- Bom – começou a falar alguns minutos depois – Acho melhor eu ir descançar também...

- Nos vemos amanhã então, durma bem – respondeu Gilherme.

- Boa... “noite” – disse Sophia, em meio a risadas e aparentemente satisfeita por todos rirem de sua piada.

Terminadas as despedidas, o vampiro lentamente saiu da sala e subiu as escadas. Ele precisou parar por um momento, tentando lembrar onde era o quarto de Isabel. Ele lembrava que era próximo ao de Dani e se ele entrasse no quarto errado, provavelmente iria se incomodar... Ignorando esse pensamento, ele decidiu entrar em uma das duas portas daquela área, aparentemente o quarto certo.

O quarto inteiro era em tons de cinza. Havia um computador provavelmente bem atualizado, uma televisão de plasma com um Playstation 3, um Xbox e um terceiro que ele nunca ouvira falar. Por todas as paredes do quarto havia posters: um do Green Day, um do Avenged Sevenfold, um do Linkin Park... O gosto musical de sua amiga nunca o decepcionava. O vampiro passou mais alguns momentos admirando o quarto, sentindo um pouco de vergonha do buraco onde morava. Ele até tinha dinheiro suficiente pra comprar algo parecido, mas era meio dificil quando se estava teoricamente morto...

Hector entrou no quarto, fechando a porta silenciosamente. Isabel pedira que ele esperasse, mas não deu nenhuma previsão do quanto. Ele sentou na cama da garota, não conseguindo evitar de comparar aquele colchão extremamente macio e confortável com o de sua casa. A idéia de convidar Daniella para dividirem uma casa como aquela era cada vez mais tentadora.

Lentamente ele se deitou. Eles poderiam fazer pequenos trabalhos, conseguindo o dinheiro necessário para manter a casa. Eles podiam até mesmo contatar algumas pessoas do clan para arranjar uma identidade para ter um emprego fixo e quem sabe até mesmo tentar novamente a faculdade. Considerando sua expectativa de vida desconhecida, ele poderia ser doutor em direito, medicina, engenharia... ele não precisava escolher uma entre elas... ele não precisava escolher nem mesmo uma área de especialização... ele podia fazer todas elas...

Antes que ele pudesse continuar com suas divagações, Isabel entrou no quarto.

- E aí, que achou da decoração? – perguntou a garota em voz baixa – Legal, né?

O orgulho era evidente nos olhos da garota.

- Sim, sim. Botou meu cafofo no chinelo – respondeu, dando uma leve risada – Então, sobre o que você queria falar comigo?

- Ah, sim...

Isabel parecia não saber por onde começar aquele assunto. Talvez tivesse sido melhor ter esperado um pouco para fazer aquela pergunta...

- O que aconteceu entre você e a Dani nesses anos? Houve algum avanço... naquilo?

Então era sobre aquilo que ela queria falar... Isabel sempre soube dos sentimentos que ele tivera por sua amiga. Ela sempre tentara ajudá-lo a atingir seu objetivo com a garota, mas, depois daquela noite, ela não ficou sabendo de mais nada. Pelo menos até aquela noite, quando Dani contou-lhe uma versão resumida do ocorrido.

- Bom, digamos que eu fiz um avanço, mas não da maneira que você esta pensando.

- Ahn... Como assim? – a confusão era evidente em seu rosto.

- Como eu posso explicar... Depois de tudo aquilo ter acontecido por minha causa – ele viu que a amiga ia interrompê-lo, mas fez sinal para que ela esperasse ele terminar de falar primeiro - eu decidi que iria suprimir, superar aquele sentimento estúpido. Eu prometi que nunca mais causaria algo como isso a alguém por minha ingenuidade, que eu faria de tudo para impedir que alguém importante para mim sofresse como eu fiz a Dani sofrer.

Isabel ficou encarando o amigo, incrédula, por alguns instantes, deixando ele sem saber o que falar. Finalmente ela pareceu voltar a si. Mas sua resposta surpreendeu o vampiro, deixando-o sem saber como reagir.

- Tu é idiota? – aquilo realmente pegou Hector desprevenido – Que besteira toda é essa? Tua culpa? Sentimento estúpido? Você só pode estar de palhaçada comigo.

Dessa vez foi ele que encarou incredulamente a amiga.

- Mas Isabel... Se eu não tivesse tentado falar aquilo com ela... Ela teria ido com você e...

- Virado uma licantropa comigo, e você seria o único vampiro. Não seria muito diferente.

- Mas... Se eu tivesse tido a coragem! – o garoto estava começando a perder um pouco o controle - Ela não teria visto a Elisabeth!

Antes que ele continuasse o surto e acordasse a todos, Isabel deu-lhe um tapa no rosto. Apesar da força do golpe, ele não se machucou. O efeito foi quase que completamente psicológico.

- Não tente se enganar! Você sabe muito bem que ela teria avançado sobre vocês da mesma forma. A situação dela não era exatamente boa, sabe?

Hector realmente não sabia o que falar. Além de surpreso, ele simplesmente não conseguiu achar uma contra-argumentação.

- E prometer fazer de tudo para proteger suas amigas? Francamente! – mesmo falando baixo, para não ser ouvida pelos outros, era possível notar a diferença em seu tom de voz – Você por acaso acha que é algum personagem de desenho animado ou quadrinhos? E além do mais, quem disse que nós precisamos que você nos proteja? Em que momento a Daniella ou eu pedimos sua ajuda em uma luta ou problema? Caso você não tenha notado, nós lutamos tão bem quanto você. Se você me disser que quer lutar lado a lado comigo e com ela, como companheiros igualmente capazes, tudo bem, mas querer dizer que vai nos proteger... Francamente! Eu achei que você tinha amadurecido, não o contrário.

Passaram-se alguns minutos e nenhum deles disse uma única palavra. O vampiro ainda estava meio que em estado de choque.

- Desculpa se eu fui um pouco grosseira... – disse a garota, quebrando o silêncio – Mas você mereceu cada palavra.

- Eu... Eu sei... Nunca haviam me dito isso dessa maneira... Eu nunca havia pensado dessa forma...

Aquilo era uma mentira. Ele já havia pensado em quase tudo aquilo, mas ele não queria aceitar que a decisão mais importante que ele já tomara fora errada.

- Então, Gabi, vai voltar a tentar alguma coisa com a Dani?- seu tom era completamente diferente agora.

- Acho que... Não sei, realmente não sei... Muita coisa mudou, não acho que essa seria a melhor decisão...

- Vai deixar tudo de lado então?

- Não sei... somente o tempo dirá...

Dito isso eles mudaram de assunto, falando de tudo o que aconteceu. Hector contou a Isabel sobre os planos para o futuro que ele acabara de bolar, e a amiga pareceu muito interessada na idéia. Sem que eles notassem, o dia inteiro se passou e já era noite novamente quando eles terminaram a conversa.




Quando Daniella acordou, era por volta de seis horas da noite, o sol havia acabado de se por. Ela, lentamente, sentou-se na cama. Olhou ao redor procurando suas roupas. Como estavam sujas da batalha, ela havia tomado um banho e tirado elas para dormir. Foi uma sorte ninguém ter entrado no quarto antes de ela acordar, uma vez que a vampira havia jogado todas as cobertas no chão enquanto dormia e estava completamente... exposta. Não querendo abusar da sorte, a garota correu até onde estavam suas roupas e as vestiu. O odor de sangue, apesar de não muito forte, era repugnante. Ela precisava passar em casa e pegar roupas novas...

Depois de se vestir e pôr um pouco de perfume que ela achou no banheiro da suíte, saiu e foi em direção ao quarto de Isabel. Talvez ela pudesse lhe emprestar alguma roupa por enquanto.

Ela parou na frente da porta e teve a impressão de ouvir a amiga falando sozinha e depois gargalhando.

- Você está ficando louca? Rindo sozin... – Ela cortou a frase assim que entrou no quarto e se deparou com uma cena, no mínimo, estranha. Isabel estava sentada na beirada da cama, rindo, enquanto Hector estava com metade do corpo deitado, com as pernas ao lado da amiga. Ambos estavam em meio a risadas e pararam para olhar a amiga que entrou no quarto. Estava escrito no rosto dos dois que eles haviam acabado de ser pegos em algo que não devia ser visto.

- Tá...– disse a garota, desculpando-se e voltando por onde entrou - Eu volto mais tarde.

- Dani! – gritou isabel, levantando-se e segurando o braço da amiga – não é o que você está pensando. Pode entrar.

- Sua cara foi impagável - comentou Hector, em meio a risadas.

- E o quê, exatamente, eu devo achar, então?

- Eu chamei o Gabriel para vir aqui ontem, logo depois de você ir dormir. – vendo a expressão da amiga, Isabel se apressou em terminar – Pra perguntar sobre algumas coisas, me atualizar de tudo, sabe?

- E para passar um tempo com seu velho amiguinho – acrecentou o vampiro, que ainda ria.

- Pára de rir, criatura! Tá, basicamente, vocês passaram a noitem conversando?

- Isso.

- Mais nada?

- Nadinha.

- E tu não entrou no meu quarto de noite, não é Hector?

- Não... Por que?

- Nada não.

Depois disso, Dani pediu a Isabel algumas roupas emprestadas. Hector acabou sendo expulso do quarto.




- Eu mereço... – resmungou o vampiro, logo após receber a notícia sobre o desfecho da tentativa de invasão à propriedade do clan licantropo – Vinte... Vinte vampiros e metamorfos...- continuou ele, agora ainda mais baixo, pois estava chegando na sala de reuniões - Sinto que vai sobrar pra mim...

Ele se aproximou da porta, guardada por dois vampiros armados.

- Sebastian Illuminati.

Rapidamente, os dois vampiros se afastaram de seu caminho e abriram a porta. A sala circular a sua frente era razoavelmente grande. O chão era completamente coberto por diversas tapeçarias sobrepostas de forma aleatória e, ainda assim, harmoniosa, com a exceção de uma única peça redonda, localizada precisamente no centro da sala, contendo um desenho de “LL” em letras góticas. As paredes também tinham tapeçarias penduradas, juntamente com obras de arte e longas peças de seda que desciam do teto. Havia várias cadeiras ornamentadas espalhadas pela sala, mas todas viradas para uma em especial. Essa assemelhava-se a um trono, com detalhes em dourado e seda vermelha. Nela estava sentado um vampiro. Diferente da maioria dos vampiros, que aparenta ter vinte e poucos anos, ele aparentava não menos de setenta.

- Sebastian! – saudou o vampiro sentado na cadeira principal – Como vão as coisas?

- Bom... – ele não podia deixar-se enganar pela atitude saudosa do outro – Acabo de receber os resultados de nossa invasão...

- Naturalmente, fomos bem sucedidos, não é? – houve uma ênfase no final da pergunta.

- Infelizmente... Não.

Menos de um segundo depois de Sebastian responder a pergunta, uma taça de ouro voou na direção de sua cabeça com uma velocidade absurda. O vampiro foi obrigado a desviar para não ter seu belo rosto destruído, o que seria um incômodo para sua rotina. A taça chocou-se contra a parede ao lado da porta, arrancando pedaços do granito que rodeava a entrada da sala.

- Como assim “não”!? – gritou o vampiro, agora caminhando na direção de Sebastian – Nós mandamos VINTE vampiros e metamorfos! VINTE! Eles são TRÊS!

- Eu sei, meu senhor...

- Vocês têm alguma idéia do que aconteceu, pelo menos? – ele parecia estar mais calmo agora.

- Não... Nenhum de nossos homens voltou...

Sebastian acreditou por um momento que ele seria o próximo a voar contra a parede, mas o outro vampiro conteve a raiva.

- Parece que subestimamos eles, novamente. Chame os outos membros do comando. Precisamos nos organizar melhor dessa vez.

-Sim, pai.




- Eu mereço... – resmungou Hector, após ter a porta do quarto fechada em sua cara.

O vampiro logo cansou de esperar e saiu a caminhar pela casa, deparando-se com Guilherme e Sophia, que conversavam animados e pareceram gostar de encontrá-lo.

- Hector! – começou Guilherme – Estavamos falando justamente de você...

- E aí, Gabi – brincou Sophia, que pareceu gostar mais do apelido do que dos dois nomes do vampiro – Não era bem de você, mas algo que te envolve.

- E o que seria, exatamente?

- Veja bem – respondeu Guilherme, tomando a liderança da conversa – Eu e Sophia estávamos discutindo as chances de usarmos um ritual em especial para continuarmos aquela nossa conversa que foi interrompida. Aquela sobre o passado de nossos clan, lembra?

- Ah...- ele não havia entendido o que Guilherme queria dizer com aquilo - Sim...E qual seria esse ritual?

- Bom...

- Basicamente – interrompeu Sophia, que parecia estar estressada por ter perdido o centro das atenções – Vocês dois vão participar do ritual. Como ambos tem uma ligação sanguínea sobrenatural com seus antepassados, eu pretendo usar magia para enviá-los em um “tour espiritual” pelo passado, entendeu?

- Não muito, mas, por mim, tudo bem.

- Sério? – perguntou Sophia, extremamente animada por poder fazer o ritual –Tá! Guilherme, uso o quarto de sempre?

- Sim, sim. Pode ir preparar tudo.

No mesmo instante, Sophia saiu correndo e saltitando na direção das escadas que levavam ao primeiro andar da casa.

- Ela adora fazer rituais aqui. Não sei se é a atmosfera que nós criamos, ou se é o fato de termos praticamente todos os ingredientes que ela precisa para qualquer coisa. Pêlo de lobisomem é caro no mercado mágico, sabe? – brincou Guilherme – Se você tiver problemas financeiros algum dia, peça um pouco para nós que você conseguirá muito dinheiro vendendo ele.

Ambos riram, mas Hector anotou mentalmente aquilo. Uma casa poderia sair mais caro do que ele poderia bancar.

O dois desceram lentamente as escadas, Hector sempre atrás de Guilherme, já que não conhecia toda a casa ainda. Eles entraram em um coredor desconhecido para o vampiro, se aproximando de um quarto que exalava um coquetel de odores extremamente peculiar. Quando eles estavam a apenas alguns metros da porta, Sophia voou para fora daquele quarto, ignorou eles e continuou pelo corredor, descendo por uma escadaria em seu final.

Rindo, os dois continuaram sua caminhada, descendo lentamente. Hector estimava uma descida de 15 metros quando eles avistaram a porta lateral no final da escada. Aquele outro aposento ficava a, no mínimo, vinte metros abaixo da terra!

O “porão” tinha uma iluminação avermelhada, vinda de várias tochas junto às paredes. Quando eles entraram, viram duas mesas altas de pedra, com largura e comprimento para que apenas uma pessoa pudesse deitar sobre cada uma, flutuando na direção do centro da sala. Vários recipentes e ingredientes voavam de um lado para o outro. Frascos de um líquido vermelho voavam próximos ao chão, derramando seus conteúdos, formando desenhos e runas no piso.

No centro de toda a ação estava Sophia, com os braços erguidos, murmurando algumas paravras. Seus cabelos movimentavam-se como se afetados por um vento sobrenatural, e seus olhos estavam voltados para trás, revelando apenas sua parte branca.

Em instantes, o ritual estava preparado. Sophia abaixou os braços, ofegante.

- Pronto – disse ela, erguendo rapidamente a cabeça com um sorriso afetado, mantendo o resto do corpo curvado de uma maneira estranha – deitem-se, por favor.

Guilherme e Hector deitaram-se cada um em uma das mesas de pedra que ladeavam Sophia e o centro da sala.

Então, a garota começou seu canto, primeiro baixo, mas logo o tom de sua voz foi subindo.

- Tãn. Dwr. Gwynt. Tir.

Hector sentiu o corpo preso contra a mesa.

- Hrabrost. Strah.

O vampiro sentiu uma tontura.

- Gaudium. Hysteria. Insani Speciem.

Sua visão escureceu.

- Spirituele reis! Astraal Reizen!

A única coisa em sua mente era a voz da bruxa. Cada grito era mais ensurdecedor que o anterior.

- Ite! Disce olim superantur!

Tudo ao seu redor desapareceu. Ele não via nada...ele não ouvia nada por um instante.

Então, tudo voltou como um choque.

Ele viu Guilherme deitado em uma cama a sua frente. Ao lado dele estava Miguel. Ambos estavam diferentes, pareciam mais jovens... pareciam doentes...

Foi então que ele notou outros dois homens deitados ao lado deles. Demorou, mas ele reparou no quarto ao seu redor... tudo era tão antigo.

Suas mãos se mexeram sem que ele mandasse.

Lentamente, memórias que não eram suas foram penetrando em sua mente.

Sentimentos de tristeza e preocupação por ver seus quatro filhos sofrendo daquela maneira.

Seus filhos...?

Aquele não era ele...

Aquele não era seu corpo...

Ele não mais era o vampiro chamado Hector...

Ele era o pai de Guilherme e Miguel, o líder do clan Timide...

E precisava salvar seus quatro filhos...

domingo, 24 de outubro de 2010

Então...

Acredito que vocês notaram a "pequena" demora entre uma postagem e outra...
Infelizmente, meu tempo está cada vez mais apetado...
Farei o possível para postar o próximo capítulo dentro de duas semanas (na sexta feira, no caso)...
Peço desculpas a todos...

Aproveitando a oportunidade, aqui vai um fanart do Hector feito pela Mari... (por favor, não me mate por postar ele)
Eu gostei bastante dele =D

Capítulo 9 - Cheiro de Bruxa

Sophia e Hector atravessaram o trecho de bosque que os separava da zona de batalha. Durante todo o caminho a garota não disse uma única palavra, e ele achou melhor não quebrar o silêncio. Eles já podiam ouvir os últimos ruídos de luta alguns metros antes do fim das árvores.


Dani ainda lutava contra dois adversários. A julgar pela proximidade dos corpos dos outros três vampiros, mortos no chão, eles provavelmente haviam atacado todos de uma vez.

A garota, também, havia sido forçada a liberar o poder baixo de seu clan. Seu cabelo branco dançava de forma caótica devido aos rápidos movimentos de esquiva que ela realizava. Dois inimigos a atacavam de lados opostos, dificultando muito seus movimentos. Sophia puxou seu braço para chamar sua atenção.

- Você não vai ajudá-la?

- Não é necessário.

A garota pareceu um pouco confusa com aquilo, mas não insistiu no assunto.

- Apenas olhe...

Dani desviou do golpe de um dos vampiros, ele pelo visto também era capaz de liberar algum poder de seu clan. Seu cabelo estava longo e revolto, lembrando uma juba. As mangas de sua camisa, provavelmente, haviam rasgado devido ao crescimento musclar de seus braços, que agora terminavam em afiadas garras ao invés de unhas. Sua face lembrava a de um animal selvagem, com músculos tensionados e a mandíbula um pouco proeminente.

Aparentemente, este era o único problema dela, já que o outro vampiro, apesar de habilidoso, não se comparava à garota. Porém, Hector mudou de idéia ao vê-lo retirar quatro adagas das pontas dos dedos de uma mão. Ele, também, pertencia ao clan Eisen, e, se Hector não estava enganado, o outro vampiro pertencia ao clan Vadállat.

Hector estava começando a reconsiderar se devia ajudar ou não a amiga, quando ela mesma respondeu àquela pergunta. Daniella se abaixou, desviando de um golpe do vampiro selvagem, agarrou uma de suas pernas e ergueu, tirando o equilibrio do inimigo e derrubando-o no chão. Em seguida, vendo que seria atacada pelas costas, Dani girou o corpo usando toda sua força, erguendo o primeiro adversário na altura de seu peito com o movimento e batendo com ele no meio do estômago do segundo vampiro.

O arremeçado ficou inerte no chão após o golpe, já que ele colidira com o equivalente a uma parede de aço. E o segundo, mesmo com sua resistência sobrenatural, estava ajoelhado com a mão no abdomen.

Não perdendo tempo, a vampira avançou velozmente em sua direção. Desferiu um forte soco no rosto do inimigo, fazendo com que ele caísse de costas, e cravou uma de suas mãos em seu peito, terminando com aquela luta.

Ao ver que o primeiro adversário começava a se recuperar do arremeço, Daniella arrancou da mão do vampiro caído as 4 adagas e jogou-as no outro, acertando-lhe justamente na perna que ele usava de apoio para levantar, o que resultou em sua queda novamente. Enquanto ele arrancava as armas na coxa, ela avançou sobre ele com o máximo de sua velocidade, rasgando-lhe a garganta durante uma pequena acrobacia.

- Acho que terminamos por aqui, não? – perguntou Guilherme, caminhando em suas direções – Devo admitir que não esperava tanta habilidade por parte de vocês dois...

- Obrigado – respondeu Hector, se aproximando de Daniella e pondo um dos braços ao redor de seus ombros – tá no sangue hehe.

- Agora sim, vocês parecem irmãos...

Todos viraram-se para Isabel que vinha da direção oposta a Guilherme. Verdade, quando transformados, Hector e a amiga ficavam com a mesma cor de cabelo, olhos e até mesmo com a cor da pele mais próxima. O vampiro nunca havia pensado naquilo daquela maneira.

- Bom, vamos para dentro dentro de casa? – disse Guilherme, tentando quebrar aquela atmosfera – Acho que não há mais nada por aqui...

- Ahn... Eu queria perguntar uma coisa primeiro – respondeu Isabel, atraindo a atenção de todos – Acho que sou a única com esse poblema. Mas, dá pra alguém me explicar o que raios são esses cabelos prateados, aquela mistura de vampiro com filhote de cruzcredo e o cara das adagas? Sem falar na transformação do Gabriel em coruja...

Sua voz foi morrendo a medida que ela terminava a fase. Todos olhavam espantados para a garota, que parecia cada vez mais arrependida de tê-la feito.

- Acredito que a culpa disso seja minha... Eu devia ter-lhe explicado antes... – disse Guilherme, em um pedido de desculpas – Apesar de eu também estar curioso com relação à sua transformação – vendo que todos olhavam curiosos para o vampiro, ele continuou – mas ainda digo que é melhor primeiro voltarmos para dentro...

O grupo voltou em silêncio, Hector aproveitou o tempo do deslocamento para imaginar a melhor forma de explicar tudo aquilo, não seria uma tarefa fácil.

Os seis entraram e se dirigiram para a sala de estar. O fogo ainda ardia na lareira. Lentamente, todos se sentaram ao redor das chamas.

- Pode me explicar agora?

- Ok... Para ser sincero, não consigo pensar em um método melhor que o de Elisabeth. Guilherme, onde eu posso coseguir uma folha de papel e uma caneta?

- Ali, se não me engano – respondeu, apontando para uma estante.

O vampiro foi até o móvel e pegou o material que precisava, seguindo para a pequena escrivaninha ao lado. Ele começou a esboçar um esquema, semelhante ao que ele vira Elisabeth fazer anos antes, com todas as informações necessárias.

Passados alguns segundos, o desenho estava terminado e ele chamou a amiga.

- Tá... Quando recém criado, um vampiro tem três poderes básicos: Sentidos, força e agilidade sobrenaturais. Primeiro os sentidos e, em questão de uma hora após seu despertar, a força e a agilidade. Uma vez que tenha dominado essas habilidades, ele é capaz de começar a desenvolver sua velocidade. Até aqui tudo bem?

- Acredito que sim...

- Ótimo. O ter ou não as próximas habilidades vai depender do “nível” do vampiro. Sabe como funcionam as quatro classes de vampiros?

- Lembro-me muito vagamente disso...- respondeu Isabel.

- Vou repetir então. Existem quatro classes na sociedade da minha raça. Primeiro os nobres, vampiros originais, que perderam a alma para um demônio, e a primeiras cria de um original. Em segundo vem os High, basicamente são as crias de um nobre, tirando a primeira. Os Medium são as crias de um High, e os Low as de um Medium. Fácil não?

A garota apenas balançou a cabeça de forma afirmativa.

- Um Low tem acesso apenas às habilidades que eu já falei. Um Medium Pode usar... como eu posso explicar... o poder “baixo” de seu clan.

- A transformação daquele cara e aquele lance de tirar armas do corpo são os poderes baixos de um clan?

- Exato. O poder baixo de um clan é determinado pela “espécie” do demônio que criou os originais deste clan. O clan Eisen, por exemplo, foi criado por um Demônio de Aço. O clan Vadállat foi criado com um Demônio Selvagem. Entendeu?

- Sim, sim. Mas e os seus poderes? Eu até consigo associar um deles com o poder “baixo” do seu clan... Mas e o outro?

- Bom... O poder baixo de nosso clan é o da metamorfose simples. O demônio criador do nosso clan era um Demônio Metamorfo. Com isso, nosso poder baixo nos permite mudanças de aparência e forma física, podemos até mudar de forma para criaturas com tamanho e massa corporal semelhantes à nossa.

- Wow! Mas... E esses cabelos brancos aí? - pergunta Isabel.

- Bom... Isso é como um segundo poder baixo do nosso clan... Quando nosso clan foi criado, o primeiro Luminatti fez uma espécie de pacto com o “espírito” da lua. E ele concedeu-lhe, dentre outras coisas, algum poder extra.

- WOW!

- E todos do seu clan tem esse poder? – dessa vez quem fez a pergunta foi Guilherme.

- Não todos. – respondeu Daniella – Apenas os que decendem por linha direta do criador do nosso clan.

- Como assim? – perguntou Isabel, um pouco confusa - não são todos decendentes dele?

- Não. Quando outro vampiro original é criado por um mesmo tipo de demônio, o clan decendente daquela espécie, normalmente, adota o vampiro.

- Legal... E quais são os outros poderes de um vampiro?

- Bom... Depois disso vem...




A conversa sobre os poderes vampíricos já havia acabado fazia meia hora. Agora, Isabel, Daniella e Hector conversavam sobre assuntos banais em um lado da sala; Guilherme e Miguel discutiam sobre aquela invasão e Sophia estava sentada, afastada de todos, com uma expressão pensativa.

- Eu não aguento mais essa dúvida! – Gritou a bruxa de repente, assustando a todos – Eu tenho certeza de estar sentindo outro odor além do de vampiros e lobisomens!

Todos olhavam surpresos e curiosos para a garota. De que raios ela estava falando?

- E qual seria esse cheiro?- perguntou Guilherme.

- É estranho... Parece com o de uma bruxa... Uma bruxa poderosa...

- Não seria você? – brincou Hector – Apesar de eu estar em dúvida com relação a essa segunda parte... – continuou a provocação – Mas bruxa e estranha você já é.

- Não! – gritou Sophia, indignada com a brincadeira – Não sou eu. Apesar de eu, também, ser bem poderosa – continuou ela, mudando rapidamente o tom de voz de irritado, para brincalhão e depois sério novamente – Como eu dizia, ele parece de uma bruxa... Mas é diferente... Como se estivesse mascarado por outro...

- Talvez você pudesse descobrir de onde ele vem...

- Farei isso...

Dito isso, a garota fechou os olhos e começou a respirar profundamente pelo nariz, girando constantemente a cabeça enquanto procurava a direção do odor. Lentamente, ela começou a se mover, primeiro na direção da saída, depois voltando e indo na direção dos três amigos. Para a surpresa de todos, ela parou na frente de Daniella e continuou a aproximar a cabeça, parando apenas a centímetros do pescoço da vampira.

- Nhargt!! – gritou a garota mordendo o pescoço de Dani.

- O que você pensa que está fazendo criatura!?

- Sei lá. Deu vontade de morder. – Disse Sophia, se atirando no colo da garota – A inversão de papéis tornou ainda mais irresistível a mordida.

A bruxa riu sozinha e então continuou, fazendo antes uma careta pra Hector por ele não ter rido junto.

- Mas voltando. Eu tenho certeza que você é uma bruxa... Tem certeza que você não está apenas imaginando ser uma vampira?

- Não – respondeu Daniella séria – Disso eu tenho certeza.

- Tá então... Mas você é uma bruxa, tenho ceteza disso. Posso sentir o cheiro... – enquanto falava isso, Sophia botava uma das mãos no peito de Dani – Posso sentir essa energia em você...

Todos olhavam espantados e curiosos para Sophia e Daniella. Uma vampira bruxa? Nenhum deles jamais ouvira falar de algo assim. Será que a garota não estava apenas enganada, ou então, brincando?

- Peitinho! – Gritou Sophia apertando o seio que ela segurava de Dani.

Antes que a vampira pudesse quebrar o pescoço da bruxa, ela pulou para o colo de Hector e se pendurou em seu pescoço, gargalhando.

- Proteja-me! Ela vai me matar! – Disse ela, ainda rindo.

Vendo que a amiga estava prestes a avançar sobre Sophia, Hector interveio.

- Dani! Calma Dani! Não vale a pena tudo isso. Ela só estava brincando. – O próprio vampiro não conseguia parar de rir, o que irritou ainda mais a amiga – Bell ! Socorro! Ela vai matar nós dois!

Vendo a cena, Isabel segurou com alguma dificuldade a amiga. Ela olhou para Guilherme e Miguel pedindo ajuda.

- Daniella. Não precisa se estressar tanto. Sophia é assim mesmo. É o jeito dela.

Vendo que todos estavam rindo, Daniella apenas sentou irritada no sofá, e isso durou o resto da noite.

Hector estava começando a gostar de Sophia...

sábado, 2 de outubro de 2010

Capítulo 8 – Uma Chama Insana

O caminho até a área leste era sem grandes obstáculos, apenar algumas pequenas elevações. Hector andava à frente dos outros, seguido por Guilherme e Miguel e depois pelas garotas, em uma formação semelhante a um V. Ele subiu uma colina a frente dos outros e encontrou antes deles o local mostrado pelos alarmes.


Não demorou muito ele avistou a intrusa. Uma garota de cabelos vermelhos arrumados em um penteado bem peculiar, onde a parte superior da cabeça era coberta com fios mais curtos que se erguiam como espinhos, e o resto do cabelo era longo e liso.

As roupas que ela vestia eram igualmente estranhas. Sobre seus ombros havia um pedaço de pele de algum animal de pêlo vermelho e longo, e as pontas do couro se juntavam sobre o peito da mulher por uma corrente de ouro. Ela vestia uma blusa branca de seda larga nas mangas e no busto, mas justa na cintura, com o peito completamente aberto deixando a mostra um top preto com uma argola prateada no centro. Ela usava calças de couro negro com tiras soltas de tecido branco sobrepostas que partiam da cintura e se juntavam logo acima do cano de suas botas.

Hector notou o báculo distorcido que ela carregava nas costas e entendeu o motivo daquelas roupas. Apenas para confirmar suas suspeitas, ele aspirou fundo o ar da noite na busca do odor característico de enxofre misturado com flores. Exatamente como ele esperava, sua suspeita se confirmou...

-Bruxa... – Disse ele partindo em uma silenciosa investida contra a garota. Aquilo devia ser feito de forma rápida, era muito improvável que uma bruxa invadisse a propriedade de licântropos sem que suas intenções fossem de ataque.

Porém, quando estava a apenas alguns metros da feiticeira, pronto para pular sobre ela evitando qualquer conjuração ofensiva, ouviu o grito de alerta vindo de suas costas:

-Hector! Não! – gritou Guilherme no momento que chegou ao topo da colina e entendeu o que o vampiro estava fazendo - Ela não é nossa inimiga!

A garota olhava espantada para o lobo que agora se levantava de sua posição furtiva, seguido por seu irmão e por fim pelas garotas que chegaram ao topo da elevação. Hector analisou as expressões amistosas nos rostos de Guilherme, de Isabel e da jovem bruxa. Ele aparentemente esteve muito perto de cometer um grande erro.

Lentamente Hector levantou-se da grama ao lado da garota que pareceu ainda não ter notado sua presença.

- Desculpe-me, quase te ataquei por causa de um mal entendido – Disse fazendo um gesto com a cabeça.

Assim que ouviu a voz de Hector a garota saltou para o lado e deu um grito de susto. Rapidamente, puxou o báculo de suas costas, apontando-o para o vampiro e começando um cântico em uma lingua estranha para ele.

- Ysbryd Tân. Yr wyf yn invoke eich fflam chwedlonol – Hector não precisava entender aquilo para saber que era hora de esquivar - Carbonize popeth y gallwch i wrthwynebu'r... – Hector sabia que aquele era o momento. Utilizando toda sua agilidade e velocidade sobrenatural, rolou para o lado e se distanciou alguns metro da linha de fogo da magia - Chwa Tân!

Um cone de chamas se formou à frente do báculo, exatamente no local onde antes estava Hector. Por menos de meio metro, o sobretudo do vampiro não pegou fogo.

- Merda! Eu errei! – gritou a garota enquanto apontava o báculo novamente para Hector, que agora estava deitado no chão.

Mas, antes que a garota pudesse tentar outra magia, um grande lobo cinza agarrou com uma das patas o báculo da bruxa, erguendo ele em direção ao céu. Botou, então, a outra pata sobre a cabeça da garota de uma forma carinhosa. Houve um leve tremor em seu corpo, e seu corpo diminuiu radicalmente para a forma de um humano. Diferente da transformação de Isabel, Guilherme era capaz de mudar rapidamente de forma, sendo também capaz de moldar sua forma tranformada pra que apenas sua camisa rasgasse, o que evitou um momento contrangedor, na opinião de Hector.

- Sophia. Se acalme um pouco, por favor. Ele não é seu inimigo, ele mesmo acabou de se desculpar pelo mal entendido.

A garota pareceu olhar de forma distraída para o céu logo acima da cabeça de Guilherme por alguns instantes e depois se voltou para ele.

- Se desculpou? – a pergunta pareceu um tanto aérea demais...- Sério? Não ouvi... – ela se virou para o vampiro – Foi mal, juro que ouvi você dizer “Vou te matar sua anã de cabelos vermelhos” – continuou ela entre risos.

Hector ficou alguns segundos confuso e então começou a rir junto com a garota, que pareceu achar estranho e ao mesmo gostar bastente daquilo. Foi só então que Hector reparou que a garota batia na altura do seu ombro. Ela devia ter algo próximo de um metro e sessenta. Ele achou aquilo ainda mais engraçado, ela devia ter problemas com a altura...

- Então, meu nome é Sophia. –disse a bruxa caminhando na direção do vampiro.

Quando se aproximou mais ela parou e levou a mão à boca, parecia um tanto surpresa.

- Você é um vampiro?! – continuou, agora colocando a mão no peito dele – E é um nobre ainda por cima!

O garoto não pode evitar de ficar surpreso, ela sabia tudo aquilo apenas com um toque?

- Espera... Tem algo mais... Que poder é esse? Acho que nunca havia sentido algo assim antes...

Hector olhava diretamente para os olhos da garota que agora estava a menos de trinta centímetro dele. Ele podia sentir sua pele se aquecendo, tanto pelo calor da mão de Sophia quanto por algo mais... mais profundo... Um tanto curioso, Hector aproximou mais um pouco seu rosto da garota. Em poucos instantes, ela saiu de seu transe e olhou o vampiro nos olhos por um momento. Suas bochechas coraram rapidamente e a garota deu um pequeno pulo pra trás disfarçando.

Tanto o vampiro quanto Guilherme e Miguel começaram a rir da reação de Sophia, que pareceu já ter esquecido o que acontecera, ou ao menos, era o que ela deixava transparecer. Hector reparou que aquela foi a primeira vez que viu Miguel rir. Parecia uma pessoa bem diferente quando ria. Porém, quando o Hector olhou para as amigas percebeu em seus rostos uma expressão um tanto parecida. Elas estavam espantadas, mas havia mais coisa. Daniella olhava de uma forma estranha para Sophia, que o vampiro não pode interpretar como algo além de surpresa. Enquanto Isabel olhava para ele um tanto incrédula... Era imaginação dele, ou ela parecia um pouco irritada? Ele realmente não conseguiu decifrar corretamente a expressão da amiga, então julgou apenas como sendo surpresa...

- Bom Sophia... Eu sou o Hector – disse o vampiro, caminhando na direção da garota e pegando uma de suas mãos – É um prazer te conhecer, e, sim sou um vampiro. Quanto à parte de ser nobre, eu sou... Mas não atingi o nível máximo dos meus poderes... E só tenho palpites com relação a algo a mais que você sentiu...

- Nem esquenta – interrompeu a bruxa – Pode deixar que eu descubro essa parte sozinha.

Um estranho sorriso surgiu em sua face, um tanto lunático, na opinião do vampiro.

- Sophia... Sem querer interromper, mas o que fazes aqui?

- Bom Gui... Para ser sincera eu não faço a menor idéia. Eu simplesmente acordei e tive essa sensação de que eu deveria vir aqui hoje, nesse horário. E que devia trazer meu báculo.

Os cinco entreolharam-se um tanto surpresos.

- Se foi sua intuição, não devemos questionar não é? Você nunca errou quanto a isso.

Nesse momento todos ouviram uma explosão vinda da direção da entrada da propriedade. Que foi seguida pelo portão de metal voando na direção deles. Miguel, que era o mais próximo de onde viera o projétil, foi que teve de segurá-lo. Com um potente chute, ele alterou a trajetória do portão antes que atingisse o grupo.

-Sophia!? Você foi seguida!

-Eu... eu... Merda – disse a garota agora um tanto vermelha, talvez de raiva, talvez de vergonha.

- Todos se preparem, parece que são muitos...

Dito isso, um grupo de aproximadamente vinte e quatro vampiros e metamorfos veio na direção do grupo.

- Beleza... Fica quatro pra cada um.

- Sophia, recue e ataque, mas por favor, evite combate corpo-a-corpo.

- Eu sei! Eu sei! - dito isso ela começou outro encantamento.

Hector percebeu algo estranho, via 24 atacantes, mas tinha certeza que podia sentir 25. Mas não era momento para se preocupar com aquilo. Ele avançou na direção dos invasores junto com 4 de seus companheiros. Escolheu seu primeiro alvo, um vampiro de longos cabelos loiros que brandia um grande machado de lâmina prateada.

- Cai dentro Viking genérico!

Aquilo pareceu realmente tirá-lo do sério. O vampiro loiro investiu cegamente o machado em um corte horizontal na direção de Hector. Aquele golpe poderia tê-lo cortado ao meio se acertasse. No último instante, pulou acima da linha do corte do machado, fazendo com que ele continuasse a se mover contra o nada. A lâmina acabou acertando em cheio o outro invasor que vinha na direção de Hector, cortando-lhe o abdômen ao meio. No mesmo instante, a prata começou a fazer seu mágico efeito, uma fumaça fétida saia do corte enquanto o vampiro tentava inutilmente juntar seu tronco e suas pernas para que elas se fundissem novamente. Se aquele fosse um machado normal, aquilo teria funcionado. Porém, a lâmina era de prata o que impedia a regenação.

O vampiro loiro perdeu por um momento o equilíbrio e a atenção com o incidente, e aquilo foi suficiente. Hector rapidamente desferiu um potente soco nas costelas dele, quebrando no mínimo metade delas. Antes que o “viking” pudesse se recuperar do golpe, o vampiro tirou facilmente de suas mãos o grande machado, chutou-lhe os joelhos fazendo com que caísse no chão. Recuou um passo e deferiu um golpe horizontal na altura do pescoço do falso nórdico, arrancando-lhe a cabeça.

Ele pegou a cimitarra, também de prata, que o outro inimigo derrubara enquanto tentava se curar. E, avançou na direção de um metamorfo que assistia a cena um tanto espantado. Quando esse viu que era o próximo adversário, caiu sobre os braços e tremeu por um instante. Um enorme crocodilo de cinco metros rompeu de dentro da pele do homem. A enorme besta avançou na direção de Hector. Ele se lembrou de um documentário que vira quando criança, aquilo era um Crocodilo de Água Salgada... Ele pode ver os mais de sessenta dentes pontiagudos vindo em sua direção. Apesar do tamanho e peso descomunal, o animal avançava veloz para o ataque. Ele sabia que, mesmo sendo um vampiro, não poderia fazer muita coisa se um braço ou perna seu fosse pego pela boca do réptil com a mordida mais forte do planeta.

Agilmente, ele correu na direção do animal, saltando por cima de sua boca no último instante. A criatura deu um impulso com as patas dianteiras, erguendo a cabeça e por pouco não agarrou a perna direita de Hector. O vampiro, agora nas costas do animal que tentava entender o que ocorreu, começou a golpear com toda sua força o couro que o protegia. Infelizmente, o dano feito pela lâmina foi mínimo, e logo o metamorfo iria virar a cabeça para atacá-lo. Antes que isso acontecesse, Hector desceu das costas do animal para um de seus lados, cravou a espada no chão ao seu lado e com as duas mãos começou a virar a criatura de cabeça para baixo. Ele precisou invocar grande parte de sua força para erguer o réptil de mais de 1000 Kg.

Uma vez que o crocodilo estava com a barriga para cima, tentando se desvirar, Hector pegou a cimitarra e começou a golpear a barriga macia do animal. Antes que ele pudesse se desvirar, o vampiro cravou a espada em seu coração. Imediatamente, o metamorfo voltou para sua forma humana, preso ao chão pela espada que lhe atravessava o peito.

Antes de ir para seu último adversário, Hector parou para olhar seus aliados, todos também estavam envolvidos em batalhas e nenhum parecia estar com problemas...

Ele se virou para o que parecia ser seu último adversário da noite. Um vampiro alto e musculoso, um legítimo armário. Tinha a cabeça completamente raspada e com uma tatuagem tribal negra. Este não usava nenhuma arma, mas pelo visto não precisava. Aquele talvez desse algum trabalho.

Hector largou a espada no chão e flexionou levemente os joelhos. Ergueu os braços e deu um poderoso urro, liberando os limites que impunha à sua força sobrenatural. Seus musculos se retesaram e suas unhas cresceram a ponto de tornarem-se afiadas unhas. Para sua surpresa o outro vampiro fez o mesmo, ficando ainda mais musculoso, quase deformado. Ele olhou para o céu, era noite de lua cheia, porém uma nuvem a encobria.

- Merda... Ah, foda-se.

Dizendo isto, avançou na direção do outro vampiro com a maior velocidade que suas pernas atingiam. Para uma pessoa normal ele não passaria de um vulto preto. Apesar disso, quando se chocou contra o outro vampiro, dando-lhe um soco no peito, ele nem mesmo deu um passo para trás. Antes que Hector pudesse recuar e evitar o contra golpe, o gigante deu-lhe uma joelhada no estômago, fazendo com que subisse meio metro do chão, e, em seguida, acertou-lhe as costas com as duas mãos, arremeçando-o no chão.

Ele precisava recuar. Hector cravou as garras na terra e deu um impulso para trás com toda a força de seus braços, fazendo com que ele deslizasse alguns metros para longe do inimigo. Rapidamente se levantou. Ele não poderia ganhar aquela luta apenas com a força, era preciso usar a cabeça.

Em sua segunda investida, passou logo ao lado do vampiro grandalhão, cravou uma de suas garras no chão, usando ela como ponto de apoio para converter a corrida, girou sobre a própria mão e descarregou seu momento em um chute atrás dos joelhos do invasor. Forte ou não, não havia como o gigante não cair com aquele golpe. Assim que ficou de joelhos, Hector começou a retalhar-lhe as costas com as garras. O efeito era pequeno, mas ainda era melhor do que nada. A reação do vampiro foi rápida. Ele girou já com o punho cerrado. Dessa vez, Hector estava preparado, recuando instantes antes de ter a cabeça acertada pelo golpe.

-Pelo visto é mais forte do que pensava – disse o outro com um forte sotaque alemão – Vamos ver o quanto...

Dizendo isso, o vampiro levou uma das mãos às costas, cravando-a onde deveria estar sua coluna. Para espanto de Hector, o homem começou a puxar, em meio a gritos de dor, uma espada larga de duas mãos das próprias costas. E, mesmo assim sua coluna não deixava de existir.

- Maldito, devia ter imaginado que era do Clan Eisen...

Os Eisen eram de origem alemã, um aliado do clan Luna em momentos de guerra. Seus membros de nível médio a superior tinham a habilidade de produzir armas de qualquer metal através de seus ossos, que eram imediatamente repostos. Hector não entendia o porquê de o clan Eisen estar atacando aquele lugar, mas isso não era momento para isto.

Olhou para o céu e viu o que esperava tão ansiosamente, a lua estava descoberta. Hector juntou os calcanhares e ergueu os dois braços, como se estivese em uma cruz, ergueu a cabeça e urrou novamente. Dessa vez, seus olhos e boca começaram a emanar uma luz prateada, suas unhas ganharam a cor prateada, assim como seus dentes. Seus olhos agora eram esferas de pura luz prateada e seu cabelo também mudara de cor, ficando igual aos seus olhos.

- O que significa isso...

- Tarde demais para perguntas.

Dizendo isso, Hector avançou novamente na direção do vampiro alemão. Agora ele deixou de ser um vulto negro para ser uma mancha prateada cortando o ar ainda mais rápido.

- Não vou cair no mesmo truque duas vezes!

Gritou, cravando a espada no chão ao seu lado, lugar por onde Hector havia passado no último golpe. Para o azar do vampiro grandalhão, aquilo era exatamente o que o outro queria. Hector pulou nos últimos metros, enganchando seu braço esquerdo no pescoço do inimigo e levando ele ao chão uns três metros adiante.

Não danto tempo para reações, agarrou o vampiro e o arremeçou alguns metros acima do chão, de barriga para baixo. Quando começou a cair de novo, Hector posicionou suas garras para que seu inimigo caísse com o peito sobre elas. Assim que suas mãos estavam cravadas no adversário, que grunia de dor, Hector executou um de seus movimentos favoritos... A Águia de Sangue.

Usando sua força sobrenatural, abriu as mãos em direções opostas, abrindo também o peito do vampiro. Em meio aos litros de sangue negro que escorriam do ferimento horrível, Hector encontrou seu alvo. Ainda segurando o corpo com uma de suas mãos, ele cravou as garras da outra no coração do vampiro, arrancando-o e deixando apenas a fumaça resultante de cortes com prata.

Então, jogou o corpo sem vida no chão, brincando de jogar para cima o coração de seu inimigo.

- Eu não esperava ter de usar os poderes baixos do clan...

Aquele era um dos poderes conferidos ao seu clan, uma vez iluminados pela luz da lua, eles podiam invocar parte de seus poderes, abençoando suas garras e dentes com o poder sagrado da prata. Além de uma melhoria ainda maior em seus outros poderes.

Deixando aquilo de lado, parou para prestar atenção nos amigos. Todos estavam ocupados com um ou dois inimigos, mas nenhum parecia estar com problemas...

Foi quando ele virou para a colina na procura de Sophia...

Ele encontou o vigésimo quinto inimigo, um maldito metamorfo...




Sophia se afastou como Guilherme lhe dissera, ficando no topo da colina. O primeiro de seus inimigos veio em sua direção. Aquele seria fácil.

- Launches Tân!

Uma lança feita de fogo saiu de sua mão acertando em cheio a cabeça do vampiro que caiu inerte no chão com o projétil ainda em seu crânio.

- Ffrwydro!

A lança explodiu, destruindo a cabeça do vampiro antes que ele se recuperasse.

Ela virou para o segundo, um metamorfo na forma de uma pantera que avançava agilmente entre o campo de batalha.

- Lauches Tân!

A pantera desviou com agilidade da lança dando um pulo para o lado.

- Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân!

Nenhuma das lanças acertou o felino que continuava a desviar pulando para o lado.

- Que foi gatinho!? Tem medo de fogo!?

Foi então que o metamorfo notou que estava cercado pelas 13 lanças que a garota lançou, mas não teve tempo de sair dali.

- FFWYDRO!!!! CABUUUUUUUUUUUM!!!!!!! – gritou a bruxa junto com uma explosão – Alguém pediu churrasquinho de gato?

Os dois próximos inimigos vieram juntos. Um vampiro de cabelos castanhos vinha montado em um metamorfo na forma de um rinoceronte.

- GENTE! É O TARZAN!! – gritou em meio a risadas, mas depois que notou que nenhum dos companheiros ouviu a piada, ela ficou um tanto irritada – Vem cá seu maldito. Também tenho meu bichinho.

Dizendo isso, Sophia tirou do pescoço a pele de animal de pêlo vermelho e começou a recitar um encantamento.

- Lion y fflamau. Dewch i mi a fy helpu i drechu despresiveis hyn creaduriaid!

Dito isso, a pele se transformou em um enorme leão rubro, cujos olhos ardiam em chamas, assim como a cauda e as patas.

- Vamos mostras como se faz. Dinistro!

Obedencendo ao comando, a criatura avançou sobre os dois inimigos amedrontados, primeiro arrancando metade do corpo do vampiro com uma única mordida enquanto desviava de um ataque do chifre do metamorfo. O pedaço do corpo que a fera cuspiu estava praticamente carbonizado e continuava em combustão. Em sua segunda investida, ele saltou sobre o rinoceronte que ainda tentava mudar novamente sua direção. Pulou sobre as costas do animal rasgando-lhe o couro como se fosse manteiga e para terminar arrancou com uma mordida a cabeça do corpo do metamorfo, que acabou voltando ao normal.

-Yn ôl.

Instantaneamente, a criatura desapareceu e surgiu o pedaço de pele nas mãos de Sophia, que o vestiu rapidamente.

- Acho que acabou a brincadeira - disse a garota entediada e distraída...

Como que em resposta ao seu comentário, duas enormes garras agarraram-na pelos ombros, erguendo-a do chão rapidamente. Quando Sophia olhou para cima viu que estava sendo levada para o céu por um metamorfo na forma de uma águia gigante.

- O que você pensa que você está fazendo? Vem cá Piu-Piu tenho um alpistão pra você...

Ela ergueu uma de suas mãos como se segurasse uma esfera.

- Maes Cataclysmic!

Uma esfera brilhante de chamas revoltas se formou em sua mão, girando de forma caótica. Ela ergueu a esfera na direção do metamorfo e gritou o final do encantamento.

- Detonate!

Uma grande explosão envolveu os dois, mas as chamas não afetarem Sophia, elas carbonizaram imediatamente o metamorfo. Só então, ela percebeu a falha em seu plano de ação. Agora estava caindo de uma altura bem razoável, chance de sobrevivência nula.

- Aaaahhh, merda.




- Sophia!! – gritou Hector enquanto corria na direção de onde o metamorfo a capturara.

Foi então que ele viu primeiro aquele pequeno ponto de luz na mão da bruxa. Alguns segundos depois uma grande explosão de chamas envolveu os dois, criando uma enorme esfera flamejante no céu. Depois disto, só viu Sophia caindo solta no ar a uma altura de mais de 300 metros.

- Sophia! – Hector só tinha uma opção para salvar a garota, e realmente não pretendia sair mostrando esse tipo de coisa para todos daquela maneira. – Fazer o que neh...

Tirou o sobretudo e a camisa, se abaixou por um instante e gritou o mais alto que pode. De suas costas nasceram um par de asas negras e penas brotaram de todo o seu corpo. Em menos de um segundo, ele havia tomado a forma de uma grande coruja negra de olhos prateados. Alçou vôo na direção da garota que caía para a morte certa.

Ele conseguiu alcançá-la bem a tempo, segundos antes de bater no chão. Aparada da queda colocou-a rapidamente no chão, antes que reagisse de alguma forma errada e o atacasse. Pousou e voltou ao normal. Ele se aproximou da garota que estava agora sentada no chão, atônita. Envolveu seus ombros com um dos braços.

- Você está bem? – sua voz saiu um pouco mais profunda devido a transformação do poder do clan.

A bruxa demorou alguns instantes para notar que ele havia acabado de salvá-la e estava falando com ela.

-Ahn? O que você disse? – perguntou ela olhando para o rosto dele agora.

- Peguntei se você estava bem...

-Ah. Estou ótima, tô viva não tô? Ah... Sobre isso, valeu. – agradeceu com um sorriso – Você não havia me dito que já havia desenvolvido as habilidades primárias do clan nem a metamorfose parcial.

- Bom, eu só disse que ainda não estava na plenitude dos meus...

Ele foi interrompido pelo rápido movimento da garota, afastando-se dele no mínimo um metro, e escondendo o rosto, que ele sabia estar um tanto vermelho. Aparentemente, ela só havia notado agora a proximidade dos dois e que ele estava sem...

- Opa, sabia que tinha esquecido algo.

Ele levantou-se e correu com sua velocidade sobrenatural até onde estavam suas roupas, colocou a camisa e o casaco e voltou para o lugar onde a garota estava do mesmo jeito que ele deixara alguns segundos atrás.

- Sophia? – ela não respondeu – Sophia!? Vamos para junto dos outros?

- Ahn? Ah, claro. Vamos...