domingo, 24 de outubro de 2010

Então...

Acredito que vocês notaram a "pequena" demora entre uma postagem e outra...
Infelizmente, meu tempo está cada vez mais apetado...
Farei o possível para postar o próximo capítulo dentro de duas semanas (na sexta feira, no caso)...
Peço desculpas a todos...

Aproveitando a oportunidade, aqui vai um fanart do Hector feito pela Mari... (por favor, não me mate por postar ele)
Eu gostei bastante dele =D

Capítulo 9 - Cheiro de Bruxa

Sophia e Hector atravessaram o trecho de bosque que os separava da zona de batalha. Durante todo o caminho a garota não disse uma única palavra, e ele achou melhor não quebrar o silêncio. Eles já podiam ouvir os últimos ruídos de luta alguns metros antes do fim das árvores.


Dani ainda lutava contra dois adversários. A julgar pela proximidade dos corpos dos outros três vampiros, mortos no chão, eles provavelmente haviam atacado todos de uma vez.

A garota, também, havia sido forçada a liberar o poder baixo de seu clan. Seu cabelo branco dançava de forma caótica devido aos rápidos movimentos de esquiva que ela realizava. Dois inimigos a atacavam de lados opostos, dificultando muito seus movimentos. Sophia puxou seu braço para chamar sua atenção.

- Você não vai ajudá-la?

- Não é necessário.

A garota pareceu um pouco confusa com aquilo, mas não insistiu no assunto.

- Apenas olhe...

Dani desviou do golpe de um dos vampiros, ele pelo visto também era capaz de liberar algum poder de seu clan. Seu cabelo estava longo e revolto, lembrando uma juba. As mangas de sua camisa, provavelmente, haviam rasgado devido ao crescimento musclar de seus braços, que agora terminavam em afiadas garras ao invés de unhas. Sua face lembrava a de um animal selvagem, com músculos tensionados e a mandíbula um pouco proeminente.

Aparentemente, este era o único problema dela, já que o outro vampiro, apesar de habilidoso, não se comparava à garota. Porém, Hector mudou de idéia ao vê-lo retirar quatro adagas das pontas dos dedos de uma mão. Ele, também, pertencia ao clan Eisen, e, se Hector não estava enganado, o outro vampiro pertencia ao clan Vadállat.

Hector estava começando a reconsiderar se devia ajudar ou não a amiga, quando ela mesma respondeu àquela pergunta. Daniella se abaixou, desviando de um golpe do vampiro selvagem, agarrou uma de suas pernas e ergueu, tirando o equilibrio do inimigo e derrubando-o no chão. Em seguida, vendo que seria atacada pelas costas, Dani girou o corpo usando toda sua força, erguendo o primeiro adversário na altura de seu peito com o movimento e batendo com ele no meio do estômago do segundo vampiro.

O arremeçado ficou inerte no chão após o golpe, já que ele colidira com o equivalente a uma parede de aço. E o segundo, mesmo com sua resistência sobrenatural, estava ajoelhado com a mão no abdomen.

Não perdendo tempo, a vampira avançou velozmente em sua direção. Desferiu um forte soco no rosto do inimigo, fazendo com que ele caísse de costas, e cravou uma de suas mãos em seu peito, terminando com aquela luta.

Ao ver que o primeiro adversário começava a se recuperar do arremeço, Daniella arrancou da mão do vampiro caído as 4 adagas e jogou-as no outro, acertando-lhe justamente na perna que ele usava de apoio para levantar, o que resultou em sua queda novamente. Enquanto ele arrancava as armas na coxa, ela avançou sobre ele com o máximo de sua velocidade, rasgando-lhe a garganta durante uma pequena acrobacia.

- Acho que terminamos por aqui, não? – perguntou Guilherme, caminhando em suas direções – Devo admitir que não esperava tanta habilidade por parte de vocês dois...

- Obrigado – respondeu Hector, se aproximando de Daniella e pondo um dos braços ao redor de seus ombros – tá no sangue hehe.

- Agora sim, vocês parecem irmãos...

Todos viraram-se para Isabel que vinha da direção oposta a Guilherme. Verdade, quando transformados, Hector e a amiga ficavam com a mesma cor de cabelo, olhos e até mesmo com a cor da pele mais próxima. O vampiro nunca havia pensado naquilo daquela maneira.

- Bom, vamos para dentro dentro de casa? – disse Guilherme, tentando quebrar aquela atmosfera – Acho que não há mais nada por aqui...

- Ahn... Eu queria perguntar uma coisa primeiro – respondeu Isabel, atraindo a atenção de todos – Acho que sou a única com esse poblema. Mas, dá pra alguém me explicar o que raios são esses cabelos prateados, aquela mistura de vampiro com filhote de cruzcredo e o cara das adagas? Sem falar na transformação do Gabriel em coruja...

Sua voz foi morrendo a medida que ela terminava a fase. Todos olhavam espantados para a garota, que parecia cada vez mais arrependida de tê-la feito.

- Acredito que a culpa disso seja minha... Eu devia ter-lhe explicado antes... – disse Guilherme, em um pedido de desculpas – Apesar de eu também estar curioso com relação à sua transformação – vendo que todos olhavam curiosos para o vampiro, ele continuou – mas ainda digo que é melhor primeiro voltarmos para dentro...

O grupo voltou em silêncio, Hector aproveitou o tempo do deslocamento para imaginar a melhor forma de explicar tudo aquilo, não seria uma tarefa fácil.

Os seis entraram e se dirigiram para a sala de estar. O fogo ainda ardia na lareira. Lentamente, todos se sentaram ao redor das chamas.

- Pode me explicar agora?

- Ok... Para ser sincero, não consigo pensar em um método melhor que o de Elisabeth. Guilherme, onde eu posso coseguir uma folha de papel e uma caneta?

- Ali, se não me engano – respondeu, apontando para uma estante.

O vampiro foi até o móvel e pegou o material que precisava, seguindo para a pequena escrivaninha ao lado. Ele começou a esboçar um esquema, semelhante ao que ele vira Elisabeth fazer anos antes, com todas as informações necessárias.

Passados alguns segundos, o desenho estava terminado e ele chamou a amiga.

- Tá... Quando recém criado, um vampiro tem três poderes básicos: Sentidos, força e agilidade sobrenaturais. Primeiro os sentidos e, em questão de uma hora após seu despertar, a força e a agilidade. Uma vez que tenha dominado essas habilidades, ele é capaz de começar a desenvolver sua velocidade. Até aqui tudo bem?

- Acredito que sim...

- Ótimo. O ter ou não as próximas habilidades vai depender do “nível” do vampiro. Sabe como funcionam as quatro classes de vampiros?

- Lembro-me muito vagamente disso...- respondeu Isabel.

- Vou repetir então. Existem quatro classes na sociedade da minha raça. Primeiro os nobres, vampiros originais, que perderam a alma para um demônio, e a primeiras cria de um original. Em segundo vem os High, basicamente são as crias de um nobre, tirando a primeira. Os Medium são as crias de um High, e os Low as de um Medium. Fácil não?

A garota apenas balançou a cabeça de forma afirmativa.

- Um Low tem acesso apenas às habilidades que eu já falei. Um Medium Pode usar... como eu posso explicar... o poder “baixo” de seu clan.

- A transformação daquele cara e aquele lance de tirar armas do corpo são os poderes baixos de um clan?

- Exato. O poder baixo de um clan é determinado pela “espécie” do demônio que criou os originais deste clan. O clan Eisen, por exemplo, foi criado por um Demônio de Aço. O clan Vadállat foi criado com um Demônio Selvagem. Entendeu?

- Sim, sim. Mas e os seus poderes? Eu até consigo associar um deles com o poder “baixo” do seu clan... Mas e o outro?

- Bom... O poder baixo de nosso clan é o da metamorfose simples. O demônio criador do nosso clan era um Demônio Metamorfo. Com isso, nosso poder baixo nos permite mudanças de aparência e forma física, podemos até mudar de forma para criaturas com tamanho e massa corporal semelhantes à nossa.

- Wow! Mas... E esses cabelos brancos aí? - pergunta Isabel.

- Bom... Isso é como um segundo poder baixo do nosso clan... Quando nosso clan foi criado, o primeiro Luminatti fez uma espécie de pacto com o “espírito” da lua. E ele concedeu-lhe, dentre outras coisas, algum poder extra.

- WOW!

- E todos do seu clan tem esse poder? – dessa vez quem fez a pergunta foi Guilherme.

- Não todos. – respondeu Daniella – Apenas os que decendem por linha direta do criador do nosso clan.

- Como assim? – perguntou Isabel, um pouco confusa - não são todos decendentes dele?

- Não. Quando outro vampiro original é criado por um mesmo tipo de demônio, o clan decendente daquela espécie, normalmente, adota o vampiro.

- Legal... E quais são os outros poderes de um vampiro?

- Bom... Depois disso vem...




A conversa sobre os poderes vampíricos já havia acabado fazia meia hora. Agora, Isabel, Daniella e Hector conversavam sobre assuntos banais em um lado da sala; Guilherme e Miguel discutiam sobre aquela invasão e Sophia estava sentada, afastada de todos, com uma expressão pensativa.

- Eu não aguento mais essa dúvida! – Gritou a bruxa de repente, assustando a todos – Eu tenho certeza de estar sentindo outro odor além do de vampiros e lobisomens!

Todos olhavam surpresos e curiosos para a garota. De que raios ela estava falando?

- E qual seria esse cheiro?- perguntou Guilherme.

- É estranho... Parece com o de uma bruxa... Uma bruxa poderosa...

- Não seria você? – brincou Hector – Apesar de eu estar em dúvida com relação a essa segunda parte... – continuou a provocação – Mas bruxa e estranha você já é.

- Não! – gritou Sophia, indignada com a brincadeira – Não sou eu. Apesar de eu, também, ser bem poderosa – continuou ela, mudando rapidamente o tom de voz de irritado, para brincalhão e depois sério novamente – Como eu dizia, ele parece de uma bruxa... Mas é diferente... Como se estivesse mascarado por outro...

- Talvez você pudesse descobrir de onde ele vem...

- Farei isso...

Dito isso, a garota fechou os olhos e começou a respirar profundamente pelo nariz, girando constantemente a cabeça enquanto procurava a direção do odor. Lentamente, ela começou a se mover, primeiro na direção da saída, depois voltando e indo na direção dos três amigos. Para a surpresa de todos, ela parou na frente de Daniella e continuou a aproximar a cabeça, parando apenas a centímetros do pescoço da vampira.

- Nhargt!! – gritou a garota mordendo o pescoço de Dani.

- O que você pensa que está fazendo criatura!?

- Sei lá. Deu vontade de morder. – Disse Sophia, se atirando no colo da garota – A inversão de papéis tornou ainda mais irresistível a mordida.

A bruxa riu sozinha e então continuou, fazendo antes uma careta pra Hector por ele não ter rido junto.

- Mas voltando. Eu tenho certeza que você é uma bruxa... Tem certeza que você não está apenas imaginando ser uma vampira?

- Não – respondeu Daniella séria – Disso eu tenho certeza.

- Tá então... Mas você é uma bruxa, tenho ceteza disso. Posso sentir o cheiro... – enquanto falava isso, Sophia botava uma das mãos no peito de Dani – Posso sentir essa energia em você...

Todos olhavam espantados e curiosos para Sophia e Daniella. Uma vampira bruxa? Nenhum deles jamais ouvira falar de algo assim. Será que a garota não estava apenas enganada, ou então, brincando?

- Peitinho! – Gritou Sophia apertando o seio que ela segurava de Dani.

Antes que a vampira pudesse quebrar o pescoço da bruxa, ela pulou para o colo de Hector e se pendurou em seu pescoço, gargalhando.

- Proteja-me! Ela vai me matar! – Disse ela, ainda rindo.

Vendo que a amiga estava prestes a avançar sobre Sophia, Hector interveio.

- Dani! Calma Dani! Não vale a pena tudo isso. Ela só estava brincando. – O próprio vampiro não conseguia parar de rir, o que irritou ainda mais a amiga – Bell ! Socorro! Ela vai matar nós dois!

Vendo a cena, Isabel segurou com alguma dificuldade a amiga. Ela olhou para Guilherme e Miguel pedindo ajuda.

- Daniella. Não precisa se estressar tanto. Sophia é assim mesmo. É o jeito dela.

Vendo que todos estavam rindo, Daniella apenas sentou irritada no sofá, e isso durou o resto da noite.

Hector estava começando a gostar de Sophia...

sábado, 2 de outubro de 2010

Capítulo 8 – Uma Chama Insana

O caminho até a área leste era sem grandes obstáculos, apenar algumas pequenas elevações. Hector andava à frente dos outros, seguido por Guilherme e Miguel e depois pelas garotas, em uma formação semelhante a um V. Ele subiu uma colina a frente dos outros e encontrou antes deles o local mostrado pelos alarmes.


Não demorou muito ele avistou a intrusa. Uma garota de cabelos vermelhos arrumados em um penteado bem peculiar, onde a parte superior da cabeça era coberta com fios mais curtos que se erguiam como espinhos, e o resto do cabelo era longo e liso.

As roupas que ela vestia eram igualmente estranhas. Sobre seus ombros havia um pedaço de pele de algum animal de pêlo vermelho e longo, e as pontas do couro se juntavam sobre o peito da mulher por uma corrente de ouro. Ela vestia uma blusa branca de seda larga nas mangas e no busto, mas justa na cintura, com o peito completamente aberto deixando a mostra um top preto com uma argola prateada no centro. Ela usava calças de couro negro com tiras soltas de tecido branco sobrepostas que partiam da cintura e se juntavam logo acima do cano de suas botas.

Hector notou o báculo distorcido que ela carregava nas costas e entendeu o motivo daquelas roupas. Apenas para confirmar suas suspeitas, ele aspirou fundo o ar da noite na busca do odor característico de enxofre misturado com flores. Exatamente como ele esperava, sua suspeita se confirmou...

-Bruxa... – Disse ele partindo em uma silenciosa investida contra a garota. Aquilo devia ser feito de forma rápida, era muito improvável que uma bruxa invadisse a propriedade de licântropos sem que suas intenções fossem de ataque.

Porém, quando estava a apenas alguns metros da feiticeira, pronto para pular sobre ela evitando qualquer conjuração ofensiva, ouviu o grito de alerta vindo de suas costas:

-Hector! Não! – gritou Guilherme no momento que chegou ao topo da colina e entendeu o que o vampiro estava fazendo - Ela não é nossa inimiga!

A garota olhava espantada para o lobo que agora se levantava de sua posição furtiva, seguido por seu irmão e por fim pelas garotas que chegaram ao topo da elevação. Hector analisou as expressões amistosas nos rostos de Guilherme, de Isabel e da jovem bruxa. Ele aparentemente esteve muito perto de cometer um grande erro.

Lentamente Hector levantou-se da grama ao lado da garota que pareceu ainda não ter notado sua presença.

- Desculpe-me, quase te ataquei por causa de um mal entendido – Disse fazendo um gesto com a cabeça.

Assim que ouviu a voz de Hector a garota saltou para o lado e deu um grito de susto. Rapidamente, puxou o báculo de suas costas, apontando-o para o vampiro e começando um cântico em uma lingua estranha para ele.

- Ysbryd Tân. Yr wyf yn invoke eich fflam chwedlonol – Hector não precisava entender aquilo para saber que era hora de esquivar - Carbonize popeth y gallwch i wrthwynebu'r... – Hector sabia que aquele era o momento. Utilizando toda sua agilidade e velocidade sobrenatural, rolou para o lado e se distanciou alguns metro da linha de fogo da magia - Chwa Tân!

Um cone de chamas se formou à frente do báculo, exatamente no local onde antes estava Hector. Por menos de meio metro, o sobretudo do vampiro não pegou fogo.

- Merda! Eu errei! – gritou a garota enquanto apontava o báculo novamente para Hector, que agora estava deitado no chão.

Mas, antes que a garota pudesse tentar outra magia, um grande lobo cinza agarrou com uma das patas o báculo da bruxa, erguendo ele em direção ao céu. Botou, então, a outra pata sobre a cabeça da garota de uma forma carinhosa. Houve um leve tremor em seu corpo, e seu corpo diminuiu radicalmente para a forma de um humano. Diferente da transformação de Isabel, Guilherme era capaz de mudar rapidamente de forma, sendo também capaz de moldar sua forma tranformada pra que apenas sua camisa rasgasse, o que evitou um momento contrangedor, na opinião de Hector.

- Sophia. Se acalme um pouco, por favor. Ele não é seu inimigo, ele mesmo acabou de se desculpar pelo mal entendido.

A garota pareceu olhar de forma distraída para o céu logo acima da cabeça de Guilherme por alguns instantes e depois se voltou para ele.

- Se desculpou? – a pergunta pareceu um tanto aérea demais...- Sério? Não ouvi... – ela se virou para o vampiro – Foi mal, juro que ouvi você dizer “Vou te matar sua anã de cabelos vermelhos” – continuou ela entre risos.

Hector ficou alguns segundos confuso e então começou a rir junto com a garota, que pareceu achar estranho e ao mesmo gostar bastente daquilo. Foi só então que Hector reparou que a garota batia na altura do seu ombro. Ela devia ter algo próximo de um metro e sessenta. Ele achou aquilo ainda mais engraçado, ela devia ter problemas com a altura...

- Então, meu nome é Sophia. –disse a bruxa caminhando na direção do vampiro.

Quando se aproximou mais ela parou e levou a mão à boca, parecia um tanto surpresa.

- Você é um vampiro?! – continuou, agora colocando a mão no peito dele – E é um nobre ainda por cima!

O garoto não pode evitar de ficar surpreso, ela sabia tudo aquilo apenas com um toque?

- Espera... Tem algo mais... Que poder é esse? Acho que nunca havia sentido algo assim antes...

Hector olhava diretamente para os olhos da garota que agora estava a menos de trinta centímetro dele. Ele podia sentir sua pele se aquecendo, tanto pelo calor da mão de Sophia quanto por algo mais... mais profundo... Um tanto curioso, Hector aproximou mais um pouco seu rosto da garota. Em poucos instantes, ela saiu de seu transe e olhou o vampiro nos olhos por um momento. Suas bochechas coraram rapidamente e a garota deu um pequeno pulo pra trás disfarçando.

Tanto o vampiro quanto Guilherme e Miguel começaram a rir da reação de Sophia, que pareceu já ter esquecido o que acontecera, ou ao menos, era o que ela deixava transparecer. Hector reparou que aquela foi a primeira vez que viu Miguel rir. Parecia uma pessoa bem diferente quando ria. Porém, quando o Hector olhou para as amigas percebeu em seus rostos uma expressão um tanto parecida. Elas estavam espantadas, mas havia mais coisa. Daniella olhava de uma forma estranha para Sophia, que o vampiro não pode interpretar como algo além de surpresa. Enquanto Isabel olhava para ele um tanto incrédula... Era imaginação dele, ou ela parecia um pouco irritada? Ele realmente não conseguiu decifrar corretamente a expressão da amiga, então julgou apenas como sendo surpresa...

- Bom Sophia... Eu sou o Hector – disse o vampiro, caminhando na direção da garota e pegando uma de suas mãos – É um prazer te conhecer, e, sim sou um vampiro. Quanto à parte de ser nobre, eu sou... Mas não atingi o nível máximo dos meus poderes... E só tenho palpites com relação a algo a mais que você sentiu...

- Nem esquenta – interrompeu a bruxa – Pode deixar que eu descubro essa parte sozinha.

Um estranho sorriso surgiu em sua face, um tanto lunático, na opinião do vampiro.

- Sophia... Sem querer interromper, mas o que fazes aqui?

- Bom Gui... Para ser sincera eu não faço a menor idéia. Eu simplesmente acordei e tive essa sensação de que eu deveria vir aqui hoje, nesse horário. E que devia trazer meu báculo.

Os cinco entreolharam-se um tanto surpresos.

- Se foi sua intuição, não devemos questionar não é? Você nunca errou quanto a isso.

Nesse momento todos ouviram uma explosão vinda da direção da entrada da propriedade. Que foi seguida pelo portão de metal voando na direção deles. Miguel, que era o mais próximo de onde viera o projétil, foi que teve de segurá-lo. Com um potente chute, ele alterou a trajetória do portão antes que atingisse o grupo.

-Sophia!? Você foi seguida!

-Eu... eu... Merda – disse a garota agora um tanto vermelha, talvez de raiva, talvez de vergonha.

- Todos se preparem, parece que são muitos...

Dito isso, um grupo de aproximadamente vinte e quatro vampiros e metamorfos veio na direção do grupo.

- Beleza... Fica quatro pra cada um.

- Sophia, recue e ataque, mas por favor, evite combate corpo-a-corpo.

- Eu sei! Eu sei! - dito isso ela começou outro encantamento.

Hector percebeu algo estranho, via 24 atacantes, mas tinha certeza que podia sentir 25. Mas não era momento para se preocupar com aquilo. Ele avançou na direção dos invasores junto com 4 de seus companheiros. Escolheu seu primeiro alvo, um vampiro de longos cabelos loiros que brandia um grande machado de lâmina prateada.

- Cai dentro Viking genérico!

Aquilo pareceu realmente tirá-lo do sério. O vampiro loiro investiu cegamente o machado em um corte horizontal na direção de Hector. Aquele golpe poderia tê-lo cortado ao meio se acertasse. No último instante, pulou acima da linha do corte do machado, fazendo com que ele continuasse a se mover contra o nada. A lâmina acabou acertando em cheio o outro invasor que vinha na direção de Hector, cortando-lhe o abdômen ao meio. No mesmo instante, a prata começou a fazer seu mágico efeito, uma fumaça fétida saia do corte enquanto o vampiro tentava inutilmente juntar seu tronco e suas pernas para que elas se fundissem novamente. Se aquele fosse um machado normal, aquilo teria funcionado. Porém, a lâmina era de prata o que impedia a regenação.

O vampiro loiro perdeu por um momento o equilíbrio e a atenção com o incidente, e aquilo foi suficiente. Hector rapidamente desferiu um potente soco nas costelas dele, quebrando no mínimo metade delas. Antes que o “viking” pudesse se recuperar do golpe, o vampiro tirou facilmente de suas mãos o grande machado, chutou-lhe os joelhos fazendo com que caísse no chão. Recuou um passo e deferiu um golpe horizontal na altura do pescoço do falso nórdico, arrancando-lhe a cabeça.

Ele pegou a cimitarra, também de prata, que o outro inimigo derrubara enquanto tentava se curar. E, avançou na direção de um metamorfo que assistia a cena um tanto espantado. Quando esse viu que era o próximo adversário, caiu sobre os braços e tremeu por um instante. Um enorme crocodilo de cinco metros rompeu de dentro da pele do homem. A enorme besta avançou na direção de Hector. Ele se lembrou de um documentário que vira quando criança, aquilo era um Crocodilo de Água Salgada... Ele pode ver os mais de sessenta dentes pontiagudos vindo em sua direção. Apesar do tamanho e peso descomunal, o animal avançava veloz para o ataque. Ele sabia que, mesmo sendo um vampiro, não poderia fazer muita coisa se um braço ou perna seu fosse pego pela boca do réptil com a mordida mais forte do planeta.

Agilmente, ele correu na direção do animal, saltando por cima de sua boca no último instante. A criatura deu um impulso com as patas dianteiras, erguendo a cabeça e por pouco não agarrou a perna direita de Hector. O vampiro, agora nas costas do animal que tentava entender o que ocorreu, começou a golpear com toda sua força o couro que o protegia. Infelizmente, o dano feito pela lâmina foi mínimo, e logo o metamorfo iria virar a cabeça para atacá-lo. Antes que isso acontecesse, Hector desceu das costas do animal para um de seus lados, cravou a espada no chão ao seu lado e com as duas mãos começou a virar a criatura de cabeça para baixo. Ele precisou invocar grande parte de sua força para erguer o réptil de mais de 1000 Kg.

Uma vez que o crocodilo estava com a barriga para cima, tentando se desvirar, Hector pegou a cimitarra e começou a golpear a barriga macia do animal. Antes que ele pudesse se desvirar, o vampiro cravou a espada em seu coração. Imediatamente, o metamorfo voltou para sua forma humana, preso ao chão pela espada que lhe atravessava o peito.

Antes de ir para seu último adversário, Hector parou para olhar seus aliados, todos também estavam envolvidos em batalhas e nenhum parecia estar com problemas...

Ele se virou para o que parecia ser seu último adversário da noite. Um vampiro alto e musculoso, um legítimo armário. Tinha a cabeça completamente raspada e com uma tatuagem tribal negra. Este não usava nenhuma arma, mas pelo visto não precisava. Aquele talvez desse algum trabalho.

Hector largou a espada no chão e flexionou levemente os joelhos. Ergueu os braços e deu um poderoso urro, liberando os limites que impunha à sua força sobrenatural. Seus musculos se retesaram e suas unhas cresceram a ponto de tornarem-se afiadas unhas. Para sua surpresa o outro vampiro fez o mesmo, ficando ainda mais musculoso, quase deformado. Ele olhou para o céu, era noite de lua cheia, porém uma nuvem a encobria.

- Merda... Ah, foda-se.

Dizendo isto, avançou na direção do outro vampiro com a maior velocidade que suas pernas atingiam. Para uma pessoa normal ele não passaria de um vulto preto. Apesar disso, quando se chocou contra o outro vampiro, dando-lhe um soco no peito, ele nem mesmo deu um passo para trás. Antes que Hector pudesse recuar e evitar o contra golpe, o gigante deu-lhe uma joelhada no estômago, fazendo com que subisse meio metro do chão, e, em seguida, acertou-lhe as costas com as duas mãos, arremeçando-o no chão.

Ele precisava recuar. Hector cravou as garras na terra e deu um impulso para trás com toda a força de seus braços, fazendo com que ele deslizasse alguns metros para longe do inimigo. Rapidamente se levantou. Ele não poderia ganhar aquela luta apenas com a força, era preciso usar a cabeça.

Em sua segunda investida, passou logo ao lado do vampiro grandalhão, cravou uma de suas garras no chão, usando ela como ponto de apoio para converter a corrida, girou sobre a própria mão e descarregou seu momento em um chute atrás dos joelhos do invasor. Forte ou não, não havia como o gigante não cair com aquele golpe. Assim que ficou de joelhos, Hector começou a retalhar-lhe as costas com as garras. O efeito era pequeno, mas ainda era melhor do que nada. A reação do vampiro foi rápida. Ele girou já com o punho cerrado. Dessa vez, Hector estava preparado, recuando instantes antes de ter a cabeça acertada pelo golpe.

-Pelo visto é mais forte do que pensava – disse o outro com um forte sotaque alemão – Vamos ver o quanto...

Dizendo isso, o vampiro levou uma das mãos às costas, cravando-a onde deveria estar sua coluna. Para espanto de Hector, o homem começou a puxar, em meio a gritos de dor, uma espada larga de duas mãos das próprias costas. E, mesmo assim sua coluna não deixava de existir.

- Maldito, devia ter imaginado que era do Clan Eisen...

Os Eisen eram de origem alemã, um aliado do clan Luna em momentos de guerra. Seus membros de nível médio a superior tinham a habilidade de produzir armas de qualquer metal através de seus ossos, que eram imediatamente repostos. Hector não entendia o porquê de o clan Eisen estar atacando aquele lugar, mas isso não era momento para isto.

Olhou para o céu e viu o que esperava tão ansiosamente, a lua estava descoberta. Hector juntou os calcanhares e ergueu os dois braços, como se estivese em uma cruz, ergueu a cabeça e urrou novamente. Dessa vez, seus olhos e boca começaram a emanar uma luz prateada, suas unhas ganharam a cor prateada, assim como seus dentes. Seus olhos agora eram esferas de pura luz prateada e seu cabelo também mudara de cor, ficando igual aos seus olhos.

- O que significa isso...

- Tarde demais para perguntas.

Dizendo isso, Hector avançou novamente na direção do vampiro alemão. Agora ele deixou de ser um vulto negro para ser uma mancha prateada cortando o ar ainda mais rápido.

- Não vou cair no mesmo truque duas vezes!

Gritou, cravando a espada no chão ao seu lado, lugar por onde Hector havia passado no último golpe. Para o azar do vampiro grandalhão, aquilo era exatamente o que o outro queria. Hector pulou nos últimos metros, enganchando seu braço esquerdo no pescoço do inimigo e levando ele ao chão uns três metros adiante.

Não danto tempo para reações, agarrou o vampiro e o arremeçou alguns metros acima do chão, de barriga para baixo. Quando começou a cair de novo, Hector posicionou suas garras para que seu inimigo caísse com o peito sobre elas. Assim que suas mãos estavam cravadas no adversário, que grunia de dor, Hector executou um de seus movimentos favoritos... A Águia de Sangue.

Usando sua força sobrenatural, abriu as mãos em direções opostas, abrindo também o peito do vampiro. Em meio aos litros de sangue negro que escorriam do ferimento horrível, Hector encontrou seu alvo. Ainda segurando o corpo com uma de suas mãos, ele cravou as garras da outra no coração do vampiro, arrancando-o e deixando apenas a fumaça resultante de cortes com prata.

Então, jogou o corpo sem vida no chão, brincando de jogar para cima o coração de seu inimigo.

- Eu não esperava ter de usar os poderes baixos do clan...

Aquele era um dos poderes conferidos ao seu clan, uma vez iluminados pela luz da lua, eles podiam invocar parte de seus poderes, abençoando suas garras e dentes com o poder sagrado da prata. Além de uma melhoria ainda maior em seus outros poderes.

Deixando aquilo de lado, parou para prestar atenção nos amigos. Todos estavam ocupados com um ou dois inimigos, mas nenhum parecia estar com problemas...

Foi quando ele virou para a colina na procura de Sophia...

Ele encontou o vigésimo quinto inimigo, um maldito metamorfo...




Sophia se afastou como Guilherme lhe dissera, ficando no topo da colina. O primeiro de seus inimigos veio em sua direção. Aquele seria fácil.

- Launches Tân!

Uma lança feita de fogo saiu de sua mão acertando em cheio a cabeça do vampiro que caiu inerte no chão com o projétil ainda em seu crânio.

- Ffrwydro!

A lança explodiu, destruindo a cabeça do vampiro antes que ele se recuperasse.

Ela virou para o segundo, um metamorfo na forma de uma pantera que avançava agilmente entre o campo de batalha.

- Lauches Tân!

A pantera desviou com agilidade da lança dando um pulo para o lado.

- Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân! Lauches Tân!

Nenhuma das lanças acertou o felino que continuava a desviar pulando para o lado.

- Que foi gatinho!? Tem medo de fogo!?

Foi então que o metamorfo notou que estava cercado pelas 13 lanças que a garota lançou, mas não teve tempo de sair dali.

- FFWYDRO!!!! CABUUUUUUUUUUUM!!!!!!! – gritou a bruxa junto com uma explosão – Alguém pediu churrasquinho de gato?

Os dois próximos inimigos vieram juntos. Um vampiro de cabelos castanhos vinha montado em um metamorfo na forma de um rinoceronte.

- GENTE! É O TARZAN!! – gritou em meio a risadas, mas depois que notou que nenhum dos companheiros ouviu a piada, ela ficou um tanto irritada – Vem cá seu maldito. Também tenho meu bichinho.

Dizendo isso, Sophia tirou do pescoço a pele de animal de pêlo vermelho e começou a recitar um encantamento.

- Lion y fflamau. Dewch i mi a fy helpu i drechu despresiveis hyn creaduriaid!

Dito isso, a pele se transformou em um enorme leão rubro, cujos olhos ardiam em chamas, assim como a cauda e as patas.

- Vamos mostras como se faz. Dinistro!

Obedencendo ao comando, a criatura avançou sobre os dois inimigos amedrontados, primeiro arrancando metade do corpo do vampiro com uma única mordida enquanto desviava de um ataque do chifre do metamorfo. O pedaço do corpo que a fera cuspiu estava praticamente carbonizado e continuava em combustão. Em sua segunda investida, ele saltou sobre o rinoceronte que ainda tentava mudar novamente sua direção. Pulou sobre as costas do animal rasgando-lhe o couro como se fosse manteiga e para terminar arrancou com uma mordida a cabeça do corpo do metamorfo, que acabou voltando ao normal.

-Yn ôl.

Instantaneamente, a criatura desapareceu e surgiu o pedaço de pele nas mãos de Sophia, que o vestiu rapidamente.

- Acho que acabou a brincadeira - disse a garota entediada e distraída...

Como que em resposta ao seu comentário, duas enormes garras agarraram-na pelos ombros, erguendo-a do chão rapidamente. Quando Sophia olhou para cima viu que estava sendo levada para o céu por um metamorfo na forma de uma águia gigante.

- O que você pensa que você está fazendo? Vem cá Piu-Piu tenho um alpistão pra você...

Ela ergueu uma de suas mãos como se segurasse uma esfera.

- Maes Cataclysmic!

Uma esfera brilhante de chamas revoltas se formou em sua mão, girando de forma caótica. Ela ergueu a esfera na direção do metamorfo e gritou o final do encantamento.

- Detonate!

Uma grande explosão envolveu os dois, mas as chamas não afetarem Sophia, elas carbonizaram imediatamente o metamorfo. Só então, ela percebeu a falha em seu plano de ação. Agora estava caindo de uma altura bem razoável, chance de sobrevivência nula.

- Aaaahhh, merda.




- Sophia!! – gritou Hector enquanto corria na direção de onde o metamorfo a capturara.

Foi então que ele viu primeiro aquele pequeno ponto de luz na mão da bruxa. Alguns segundos depois uma grande explosão de chamas envolveu os dois, criando uma enorme esfera flamejante no céu. Depois disto, só viu Sophia caindo solta no ar a uma altura de mais de 300 metros.

- Sophia! – Hector só tinha uma opção para salvar a garota, e realmente não pretendia sair mostrando esse tipo de coisa para todos daquela maneira. – Fazer o que neh...

Tirou o sobretudo e a camisa, se abaixou por um instante e gritou o mais alto que pode. De suas costas nasceram um par de asas negras e penas brotaram de todo o seu corpo. Em menos de um segundo, ele havia tomado a forma de uma grande coruja negra de olhos prateados. Alçou vôo na direção da garota que caía para a morte certa.

Ele conseguiu alcançá-la bem a tempo, segundos antes de bater no chão. Aparada da queda colocou-a rapidamente no chão, antes que reagisse de alguma forma errada e o atacasse. Pousou e voltou ao normal. Ele se aproximou da garota que estava agora sentada no chão, atônita. Envolveu seus ombros com um dos braços.

- Você está bem? – sua voz saiu um pouco mais profunda devido a transformação do poder do clan.

A bruxa demorou alguns instantes para notar que ele havia acabado de salvá-la e estava falando com ela.

-Ahn? O que você disse? – perguntou ela olhando para o rosto dele agora.

- Peguntei se você estava bem...

-Ah. Estou ótima, tô viva não tô? Ah... Sobre isso, valeu. – agradeceu com um sorriso – Você não havia me dito que já havia desenvolvido as habilidades primárias do clan nem a metamorfose parcial.

- Bom, eu só disse que ainda não estava na plenitude dos meus...

Ele foi interrompido pelo rápido movimento da garota, afastando-se dele no mínimo um metro, e escondendo o rosto, que ele sabia estar um tanto vermelho. Aparentemente, ela só havia notado agora a proximidade dos dois e que ele estava sem...

- Opa, sabia que tinha esquecido algo.

Ele levantou-se e correu com sua velocidade sobrenatural até onde estavam suas roupas, colocou a camisa e o casaco e voltou para o lugar onde a garota estava do mesmo jeito que ele deixara alguns segundos atrás.

- Sophia? – ela não respondeu – Sophia!? Vamos para junto dos outros?

- Ahn? Ah, claro. Vamos...